Em conferência de imprensa, o secretário de Estado da Saúde, António Lacerda Sales, referiu que o indicador que define o grau de transmissibilidade de infeção do novo coronavírus está estável, com cada doente a originar, em média, menos de um caso secundário.

Entre 13 e 17 de maio, a média do RT foi de 0,95, o que significa que “a nível nacional um caso infetado originou, em média, menos de um caso secundário”, explicou.

“Estamos perante uma estabilidade deste indicador de transmissibilidade de infeção (RT)”, anunciou, referindo outros números que considerou darem algum “alento e um sinal de confiança no futuro coletivo”.

Desde 11 de maio, “a taxa de testes positivos diários ficou abaixo dos 5%”, salientou, lembrando que nos últimos dois meses e meio – entre 01 de março e 18 de maio - se realizaram 674 mil testes, o que representa uma média diária de cerca de 8.500 testes.

O secretário de Estado da saúde lembrou que é preciso continuar a olhar para os dados “com cautela”, mas não se pode ignorar que são bons sinais os que surgem relativos à segunda semana da 1.º fase de desconfinamento, entre 13 e 17 de maio.

No último mês, o número médio semanal de internamentos tem diminuído, assim como as unidades de cuidados intensivos seguem “uma tendência semelhante”, sublinhou António Sales.

O número de mortes semanais também tem diminuído, “semana após semana, desde 13 de abril”, mas “não está tudo feito”, sublinhou.

O surto em Santa Maria

Questionada sobre o surto no Hospital de Santa Maria, em Lisboa, a Diretora-Geral da Saúde, Graça Freitas, presente na conferência, referiu que a situação está "a ser acompanhada de perto pelo Hospital".

Até ao momento, nove profissionais de saúde testaram positivo e 35 tiveram resultado negativo. Estão ainda 25 profissionais à espera dos resultados laboratoriais. Os profissionais infetados, "se estiverem estáveis", continuarão a recuperar no domicílio.

Ao nível dos doentes, três apresentam análise positiva e foram já transferidos para "unidades onde se internam pessoas com covid", adiantou.

"A situação é estável e está controlado o surto naquele serviço", rematou Graça Freitas.

Os transportes públicos e a desinfeção das superfícies

A Direção-Geral da Saúde publicou hoje uma orientação com os procedimentos a adotar nos transportes públicos, como autocarros, metros, comboios e táxis, em contexto de pandemia de covid-19. Distanciamento físico, desinfeção e mãos no colo são os principais pontos a reter pelos passageiros.

Questionada sobre a questão da desinfeção, Graça-Freitas frisou a importância de manter alguns comportamentos, devido a não haver ainda todo o conhecimento sobre a epidemia.

"Continuamos a pôr muito ênfase na desinfeção das superfícies. De facto, saiu uma indicação da OMS, baseada num estudo, de que a transmissão através das superfícies poderá não ser tão intensa como nós julgávamos, mas não temos a certeza absoluta disto. Já dissemos muitas vezes que uma das coisas que caracteriza esta epidemia é o grau de incerteza, que deve ser seguido por algum grau de humildade e precaução", referiu.

"A própria Organização Mundial da Saúde continua a recomendar fortemente a higienização de superfícies e objetos para minimizar o risco de contágio. Portanto, os transportes coletivos e os transportes públicos individuais têm indicações muito precisas sobre higienização das superfícies onde as pessoas possam tocar e, por sua vez, as pessoas têm indicações muito precisas de tocar o mínimo possível nessas superfícies", apontou, referindo que "até haver evidência científica" de que as superfícies não sejam fonte de transmissão é necessário continuar com a prevenção.

Grávidas acompanhadas no parto?

Sobre as orientações da DGS sobre grávidas e recém-nascidos, Graça Freitas precisou que o documento de ontem diz respeito essencialmente ao bebé e não em específico à grávida, documento esse que está a ser preparado e sairá nos próximos dias.

Quanto à questão do acompanhante da grávida, a Diretora-Geral da Saúde disse que esta "é de facto delicada, porque tem a ver com a probabilidade, ou não, de o próprio acompanhante se poder ou não contagiar a partir da grávida, sendo improvável porque muitas vezes coabitam. Aqui a questão é se o acompanhante também está infetado e pode aumentar o risco para quem está dentro da sala de partos", precisou.

"É preciso decidir que tipo de acompanhamento é que se faz", referiu, dizendo que a decisão é da equipa clínica e dependente também do tipo de sala onde acontece o parto. Se o acompanhante estiver afastado e com equipamentos de segurança pode ser possível assistir, desde que mantidas as regras.

A regra vai ser apresentada no documento a divulgar, estando sempre dependente dos contextos.

As indicações sobre os lares

Relativamente aos lares, Graça Freitas referiu que "perante um caso suspeito ou confirmado", essa pessoa deve ser isolada para que sejam feitos todos os procedimentos relativamente aos testes.

"Há indicação para separar as pessoas infetadas das que não estão infetadas", frisou. "Se essa separação não se puder fazer no mesmo edifício, um dos grupos terá de sair e normalmente opta-se pelo mais pequeno", precisou a Diretora-Geral de Saúde.

Questionada sobre a falta de cuidados de higiene nos lares, devido à pandemia, Graça Freitas referiu que estes não devem deixar de ser prestados e que são da responsabilidade das instituições.

A medição da temperatura nas escolas públicas

Lacerda Sales, questionado pelos jornalistas sobre as normas nas escolas públicas, referiu que há a confiança de que estas "vão observar as melhores regras de saúde publica, respeitando as regras de proteção de dados individuais".

Numa nota disponível na sua página da internet, a Comissão Nacional de Proteção de Dados sublinhou que a medição da temperatura não foi recomendada aos estabelecimentos de ensino pela autoridade nacional de saúde, "entidade a quem, pelas suas competências técnicas e científicas, a lei atribui a competência para determinar ou recomendar as medidas adequadas e necessárias à garantia da saúde pública".

A comissão diz ter tido conhecimento de que, na retoma das aulas presenciais na passada segunda-feira, alguns estabelecimentos de ensino adotaram o procedimento da leitura da temperatura corporal dos alunos.

Nesse sentido a Comissão, recorda que a leitura de temperatura corporal de alunos, "independentemente de se realizar ou não o respetivo registo, constitui um tratamento de dados pessoais" e, por isso, os estabelecimentos de ensino “têm obrigação” de verificar e demonstrar que os tratamentos que realizam cumprem os princípios e as regras legais de proteção dos dados pessoais.

As vacinas da gripe sazonal

Questionado sobre a necessidade de o Governo encomendar vacinas para a gripe sazonal, Lacerda Sales referiu que esta é "uma matéria muito importante para que se possa prever um eventual cruzamento de duas epidemias mais tarde, no princípio do próximo inverno".

"Estamos neste momento a tratar dos procedimentos concursais que já estão em curso e é um assunto que vamos acompanhar com muita atenção, até porque Portugal tem uma taxa de cobertura da gripe sazonal superior a 70%, o que é muito bom", referiu o secretário de Estado da Saúde.

A reabertura dos ginásios

Sobre a reabertura dos ginásios e academias, Graça Freitas referiu que ontem aconteceu uma reunião com a Associação de Ginásios e Academias de Portugal (AGAP) para se chegar a um "conjunto de boas práticas".

"O setor conhece bem as suas especificidades e faz propostas sobre o que podem ser os melhores procedimentos para minimizar o risco", disse, referindo que ainda não há uma data apontada e que não compete à DGS essa decisão.

"Vamos fazer o nosso melhor para que as regras se possam cumprir e para que os utilizadores de ginásios e academias possam fazer a sua atividade de forma a que se sintam seguros", rematou.

A AGAP acredita, contudo, que "se se mantiverem as condições de normalidade que temos hoje", será possível que os ginásios abram a 1 de junho.

O que nos diz o boletim da DGS desta quarta-feira?

Em comparação com os dados de terça-feira, em que se registavam 1.247 mortos, hoje constatou-se um aumento de óbitos de 1,3%.

Relativamente ao número de casos confirmados de infeção pelo novo coronavírus (29.660), os dados da Direção-Geral da Saúde (DGS) revelam que há mais 228 casos do que na terça-feira (29.432), representando uma subida de 0,8%.

A região Norte é a que regista o maior número de mortos (713), seguida da região de Lisboa e Vale do Tejo (289), do Centro (230), do Algarve (15), dos Açores (15) e do Alentejo, que regista um óbito, adianta o relatório da situação epidemiológica, com dados atualizados até às 24:00 de terça-feira, mantendo-se a Região Autónoma da Madeira sem registo de óbitos.

Segundo os dados da Direção-Geral da Saúde, 646 vítimas mortais são mulheres e 617 são homens.

Das mortes registadas, 850 tinham mais de 80 anos, 246 tinham entre os 70 e os 79 anos, 113 tinham entre os 60 e 69 anos, 40 entre 50 e 59, 13 entre os 40 e os 49 e um dos doentes tinha entre 20 e 29 anos.

A caracterização clínica dos casos confirmados indica que 609 doentes estão internados em hospitais, menos 20 do que na terça-feira (-3,2%), e 93 estão em Unidades de Cuidados Intensivos, menos oito (-8,6%).

A recuperar em casa estão 21.336 pessoas.

Os dados da DGS precisam que o concelho de Lisboa é o que regista o maior número de casos de infeção pelo novo coronavírus (2.046), seguido por Vila Nova de Gaia (1.521), Porto (1.334) Matosinhos (1.245), Braga (1.196) e Gondomar (1.065).

Desde o dia 01 de janeiro, registaram-se 301.225 casos suspeitos, dos quais 2.405 aguardam resultado dos testes.

Há 269.160 casos em que o resultado dos testes foi negativo, refere a DGS, adiantando que o número de doentes recuperados subiu para 6.452.

A região Norte continua a registar o maior número de infeções, totalizando 16.488, seguida pela região de Lisboa e Vale do Tejo, com 8.688, da região Centro, com 3.655, do Algarve (356) e do Alentejo (248).

Os Açores registam 135 casos de covid-19 e a Madeira contabiliza 90 casos confirmados, de acordo com o boletim hoje divulgado.

A DGS regista também 25.281 contactos em vigilância pelas autoridades de saúde.

Do total de infetados, 17.327 são mulheres e 12.333 são homens.

A faixa etária mais afetada pela doença é a dos 40 aos 49 anos (5.005), seguida da faixa dos 50 aos 59 anos (4.999) e das pessoas com mais de 80 anos (4.374 casos).

Há ainda 4.364 doentes com idades entre 30 e 39 anos, 3.707 entre os 20 e os 29 anos, 3.295 entre os 60 e 69 anos e 2.436 com idades entre 70 e 79 anos.

A DGS regista também 535 casos de crianças até aos nove anos e 943 de jovens com idades entre os 10 e os 19 anos.

De acordo com a DGS, 41% dos doentes positivos ao novo coronavírus apresentam como sintomas tosse, 29% febre, 21% dores musculares, 19% cefaleia, 15% fraqueza generalizada e 12% dificuldade respiratória. Esta informação refere-se a 90% dos casos confirmados.

Novo coronavírus SARS-CoV-2

A Covid-19, causada pelo novo coronavírus SARS-CoV-2, é uma infeção respiratória aguda que pode desencadear uma pneumonia.

A maioria das pessoas infetadas apresenta sintomas de infeção respiratória aguda ligeiros a moderados, sendo eles febre (com temperaturas superiores a 37,5ºC), tosse e dificuldade respiratória (falta de ar).

Em casos mais graves pode causar pneumonia grave com insuficiência respiratória aguda, falência renal e de outros órgãos, e eventual morte. Contudo, a maioria dos casos recupera sem sequelas. A doença pode durar até cinco semanas.

Considera-se atualmente uma pessoa curada quando apresentar dois testes diagnósticos consecutivos negativos. Os testes são realizados com intervalos de 2 a 4 dias, até haver resultados negativos. A duração depende de cada doente, do seu sistema imunitário e de haver ou não doenças crónicas associadas, que alteram o nível de risco.

A covid-19 transmite-se por contacto próximo com pessoas infetadas pelo vírus, ou superfícies e objetos contaminados.

Quando tossimos ou espirramos libertamos gotículas pelo nariz ou boca que podem atingir diretamente a boca, nariz e olhos de quem estiver próximo. Estas gotículas podem depositar-se nos objetos ou superfícies que rodeiam a pessoa infetada. Por sua vez, outras pessoas podem infetar-se ao tocar nestes objetos ou superfícies e depois tocar nos olhos, nariz ou boca com as mãos.

Estima-se que o período de incubação da doença (tempo decorrido desde a exposição ao vírus até ao aparecimento de sintomas) seja entre 2 e 14 dias. A transmissão por pessoas assintomáticas (sem sintomas) ainda está a ser investigada.

Vários laboratórios no mundo procuram atualmente uma vacina ou tratamento para a covid-19, sendo que atualmente o tratamento para a infeção é dirigido aos sinais e sintomas que os doentes apresentam.

Onde posso consultar informação oficial?

A DGS criou para o efeito vários sites onde concentra toda a informação atualizada e onde pode acompanhar a evolução da infeção em Portugal e no mundo. Pode ainda consultar as medidas de segurança recomendadas e esclarecer dúvidas sobre a doença.

Quem suspeitar estar infetado ou tiver sintomas em Portugal - que incluem febre, dores no corpo e cansaço - deve contactar a linha SNS24 através do número 808 24 24 24 para ser direcionado pelos profissionais de saúde. Não se dirija aos serviços de urgência, pede a Direção-Geral da Saúde.