Alberto Fernández também pediu respeito aos pais que há dois dias levam os seus filhos à porta da residência presidencial para protestarem com paneladas e insultos contra o encerramento de escolas, para evitar o aumento de contágios por covid-19.
“Comigo, rebelião não. Rebelião não, hein!”, exclamou o Presidente, levantando o dedo indicador em movimento de negação.
“As leis existem para serem cumpridas. Quem não estiver de acordo, que vá à Justiça, mas não vou tolerar que façam o que quiserem. Não estou para tolerar a indisciplina”, advertiu Alberto Fernández, que falava durante uma conferência de imprensa na residência presidencial.
O Presidente também criticou os milhares de pais que, com os seus filhos, vão às portas da residência presidencial bater em panelas contra o decreto que fecha as escolas na área metropolitana de Buenos Aires, onde vive 40% da população argentina.
“A convivência democrática se altera muito quando alguém vai à casa do outro com um grupo de amigos a bater panelas, a insultar e a cuspir na polícia que está na porta. Eu recomendaria a todos que reflitam sobre esse método. Não me incomoda que as pessoas se manifestem, mas deve ser com respeito”, avisou Alberto Fernández.
Diversos movimentos de pais anunciam que, apesar da suspensão de aulas a partir da próxima segunda-feira, continuarão a levar os filhos aos colégios.
O mesmo acontece com os proprietários de bares e restaurantes, que já avisaram que não vão acatar as medidas de restrição que os impede de manter as portas abertas a partir das 19:00 e que, antes desse horário, só podem atender em áreas abertas, um espaço que poucos possuem.
“A decisão do Governo está tomada e não será alterada”, sentenciou Fernández.
“Temos um nível de saturação de camas na cidade de Buenos Aires realmente preocupante”, argumentou.
Várias clínicas do sistema de saúde privado, onde 70% dos argentinos são atendidos, estão próximas da saturação, especialmente na cidade de Buenos Aires.
No sistema de saúde público, a ocupação de camas nas unidades de cuidados intensivos está em 71,4%.
O Presidente fez as declarações após se reunir com o governador do Distrito Federal, Horacio Rodríguez Larreta, que não concorda com as medidas que entraram hoje em vigor.
Larreta entrou hoje com um recurso no Supremo Tribunal contra o fecho das escolas.
Até, pelo menos, o próximo dia 30 de abril, a área metropolitana de Buenos Aires terá um recolher obrigatório em vigor entre as 20:00 e as 06:00, as escolas ficarão fechadas, as atividades recreativas, sociais, culturais, desportivas e religiosas estão proibidas, os centros comerciais fechados e o transporte público restrito aos trabalhadores de atividades essenciais.
Na cidade de Buenos Aires, no primeiro mês de aulas de 2021, apenas 0,17% de professores e alunos foram contagiados. Entre 17 de março e 12 de abril, os casos continuaram baixos, embora levemente mais altos: 0,71%.
A maioria dos contágios aconteceu fora das escolas.
“Todos os dados científicos que temos indicam que, efetivamente, o problema não acontece nos colégios com alunos e professores. Mas, por trás da presença nos colégios, acontece todo um movimento social que aumenta muito a circulação de pessoas. São motoristas, pais e um número significativo de gente que representa cerca de 30% da circulação atual”, alegou o Presidente
“O maior incremento de casos acontece entre pessoas de 9 e 19 anos. A curva nesse caso é exponencial”, justificou.
Os donos de restaurantes insistem em resistir às restrições, com o movimento gastronómico “Cadeiras ao Contrário” a divulgar um comunicado intitulado “Não acataremos o decreto do Governo”.
No ano passado, a Argentina manteve a mais prolongada quarentena do mundo com 233 dias de um isolamento que provocou milhares de falências.
Bares e restaurantes, mesmo sem funcionar, foram obrigados a manter os empregos e a pagar salários e impostos, com associações representativas do setor a calcular a falência de 30% dos estabelecimentos.
Com 45 milhões de habitantes, a Argentina tem tido 25 mil contágios diários com uma positividade de 35% dos testes.
Os contagiados somam 2,629 milhões e os falecidos 58.925.
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