“Chegaram bastante tranquilos. As crianças surpreendem-nos na questão da adaptação, embora tivéssemos feito um trabalho prévio em sessões online, nomeadamente com os educadores”, no sentido de estabelecer “esta ponte” e “desconstruir a questão da máscara”, explicou à Lusa a psicóloga de O Chupetão.
Essas sessões prévias, realizadas em colaboração com os pais, serviram também “para que eles não perdessem a relação com a educadora e restantes funcionários e para que pudessem recordar imagens positivas associadas à escola”, disse Diana Monteiro Vilhena.
Para a psicóloga é “fundamental conciliar a segurança, que agora é preciso reforçar, de acordo com a Direção Geral da Saúde (DGS), com a componente pedagógica e emocional que é extremamente importante para eles. É necessário haver um equilíbrio entre as duas situações”, acrescentou.
Maria do Céu Teixeira, da direção do colégio, referiu que durante esta primeira semana o número de bebés será de cerca de 10, mas que aumentará de forma gradual, até ao início de junho, quando se prevê “o regresso de praticamente todos os meninos, com exceção de dois ou três que regressarão apenas em setembro”.
“Houve rotinas alteradas, nomeadamente um maior número de funcionários a receber as crianças nas respetivas salas, mas também na hora do sono, no recreio e no refeitório, por exemplo. A lotação será de apenas um grupo de cada vez. A criança ao entrar na sala tem desinfeção de pés e bata e quando sai ao recreio temos tapetes desinfetados para entrar na zona limpa”, sustentou a responsável.
Sublinhou que a convivência será “o mais possível” restrita ao grupo a que pertencem e que haverá “três grupos de brinquedos, que vão sendo higienizados e trocados ao longo do dia”.
“Tivemos algumas ações de formação e temos um guia prático que a Segurança Social e a DGS enviaram que estamos a por em funcionamento. A questão mais difícil será mesmo o distanciamento que é muito complicado em idades como esta. É impossível, mesmo porque a socialização faz parte da educação e nós incentivamo-la”, afirmou.
Maria do Céu Teixeira disse ainda que “todos os funcionários do colégio fizeram testes de despistagem ao vírus, tendo todos os resultados sido negativos”.
“É pena que estes testes não possam ser feitos com alguma regularidade para ficarmos todos mais tranquilos”, lamentou.
As mães com quem a Lusa falou, no momento em que entregavam os seus bebés, manifestaram-se também “tranquilas” e “confiantes” nas condições que o colégio oferece.
“Acho que temos de voltar à normalidade em alguma altura, vamos ter que aprender a conviver com isto durante muito tempo e acho que o colégio tem as condições necessárias para eles regressarem”, afirmou Joana Neves, mãe de um menino de dois anos.
Sem qualquer receio, Joana Neves acrescentou: “Eu tenho outro filho em casa, de quatro anos, que só vem em junho. Achei que este devia vir agora porque eles precisam destas rotinas e deste convívio com os meninos”.
Também Mara Carvalho, mãe de uma menina de 19 meses, contou que a opção de trazer a sua bebé teve a ver com trabalho, mesmo estando em casa.
“Não é a mesma coisa trabalhar com ela em casa. Trabalhar com um bebé de 19 meses é trabalhar metade do tempo, e depois porque acho que ela também está a precisar de conviver com os colegas”, afirmou.
Manifestou-se ainda “confiante” de que a escola irá tomar todas as precauções. “O numero de pessoas com que a minha bebé vai conviver ainda é reduzido, vamos começando aos poucos”, acrescentou.
Passam agora dois meses desde que as crianças e alunos do ensino básico e secundário começaram a ter aulas à distância, por imposição do Governo como forma de tentar conter a pandemia de covid-19, que já provocou mais de mil mortos em Portugal.
Os diretores das creches sabem que a maioria das crianças não regressará hoje, mas garantem que os estabelecimentos estão preparados para os receber: com corredores de circulação, com menos crianças por sala ou com mais momentos de higienização dos espaços e brinquedos.
Para 01 de junho está prevista a abertura do pré-escolar, das Atividades de Tempos Livres e das creches (depois de período iniciado hoje, em que ainda existe a opção de manter o apoio à família caso os pais decidissem continuar em casa).
A nível global, segundo um balanço da agência de notícias AFP, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 313.500 mortos e infetou mais de 4,6 milhões de pessoas em 196 países e territórios.
Mais de 1,6 milhões de doentes foram considerados curados.
Em Portugal, morreram 1.218 pessoas das 29.036 confirmadas como infetadas, e há 4.636 casos recuperados, de acordo com a Direção-Geral da Saúde.
O Governo aprovou na sexta-feira novas medidas que entram hoje em vigor, entre as quais a retoma das visitas aos utentes dos lares de idosos, a reabertura das creches, aulas presenciais para os 11.º e 12.º anos e a reabertura de algumas lojas de rua, cafés, restaurantes, museus, monumentos e palácios.
O regresso das cerimónias religiosas comunitárias está previsto para 30 de maio e a abertura das praias para 06 de junho.
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