“A distrital de Setúbal do PSD tem alertado desde sempre para a necessidade de ampliação dos hospitais, nomeadamente dos seus serviços de urgência, para impedir que se acumulem macas nos corredores ou até mesmo utentes deitados no chão, como aconteceu na passada semana no Centro Hospitalar de Setúbal”, refere, em nota de imprensa, o presidente da Comissão Política Distrital do PSD, Paulo Ribeiro.

“À incapacidade de antecipar e planear de modo conveniente a época gripal juntam-se as medidas avulsas de gestão da pandemia”, acrescenta o dirigente social-democrata, salientando que "a evolução crescente do número de casos de covid-19 no país e, em particular, no distrito de Setúbal, tem conduzido a uma rutura nos serviços hospitalares”.

Para a Comissão Política Distrital do PSD de Setúbal, a atual situação nos hospitais da região de Setúbal "é resultado do desinvestimento do Governo socialista no SNS, que tem prejudicado ainda mais os cidadãos mais pobres e que não conseguem recorrer aos sistemas privados de saúde".

O Hospital Garcia de Orta (HGO), em Almada, anunciou a semana passada a abertura de mais quatro camas de cuidados intensivos e aumentou a capacidade de resposta nesta área para um total de 28 camas, 19 para doentes com covid-19.

Na passada sexta-feira, o HGO tinha um total de 123 doentes infetados com covid-19 internados, 105 em enfermaria e 18 em cuidados intensivos, ou seja, tinha apenas mais uma cama de cuidados intensivos disponível para doentes com covid-19.

Em resposta a perguntas da agência Lusa, aquela unidade hospitalar admitiu que, apesar desse reforço, poderá ter de contratualizar mais camas de cuidados intensivos com unidades privadas, “em caso de necessidade adicional e uma vez esgotada a capacidade de articulação regional”.

O Hospital de São Bernardo, em Setúbal, também está a atravessar uma situação particularmente difícil devido ao agravamento da pandemia, de acordo com o relato de profissionais de saúde e da grande maioria dos utentes.

Fontes hospitalares contactadas pela agência Lusa garantiram que a capacidade de internamento inicial naquela unidade de saúde, que previa um máximo de 60 doentes infetados com covid-19, já foi largamente ultrapassada.

Alguns doentes infetados com o vírus da covid-19 tiveram de ser transferidos para outras unidades de saúde, devido à falta de capacidade de resposta do Hospital de São Bernardo.

Alguns utentes reclamam, nas redes sociais, pela falta de espaço e de meios adequados, bem como pela demora no atendimento no serviço de urgência, situação que se agravou de forma significativa com a pandemia de covid-19.

A agência Lusa tentou ouvir a administração do Centro Hospitalar de Setúbal, que integra o Hospital de São Bernardo, mas não obteve resposta.

Inicialmente não estava previsto, mas o Orçamento de Estado para 2021 (OE2021), aprovado em novembro do ano passado, incluiu uma dotação orçamental de 17,2 milhões de euros para o arranque das obras de ampliação do Hospital São Bernardo, em Setúbal.