“Era uma decisão que era esperada, na medida de que na última semana o indicador de novos casos [de covid-19] por cem mil habitantes em Portugal superou o que tem sido o referencial do Reino Unido e que se agravou entre o período das duas revisões britânicas”, indicou à agência Lusa o presidente da Região de Turismo do Algarve, João Fernandes.
O Governo britânico retirou hoje Portugal da lista de países seguros, com exceção das regiões autónomas da Madeira e Açores, e a partir de sábado obriga os viajantes de Portugal a cumprirem uma quarentena de duas semanas ao chegar ao Reino Unido.
“Através de informação aperfeiçoada, agora temos a capacidade de avaliar ilhas separadas dos seus países continentais. Se chegar a Inglaterra vindo dos Açores ou Madeira, não precisará de se isolar por 14 dias”, escreveu o ministro dos Transportes, Grant Shapps, na rede social Twitter.
Para João Fernandes, a decisão britânica é “uma contrariedade muito grande para a procura externa do Algarve, dado que setembro é o mês de maior procura dos britânicos e que dita o início da época alta do golfe”.
“Temos vindo a trabalhar outros mercados como alternativa, mas o peso relativo do mercado britânico dificulta muito a capacidade de atenuar o impacto e as reduções de procura como certamente veremos nos próximos tempos a partir do Reino Unido”, sublinhou.
O responsável máximo do Turismo do Algarve vê, no entanto, um sinal positivo que pode vir a reverter a posição do Reino Unido, “nomeadamente a redefinição dos critérios do conselho científico, que estão na base para a avaliação, como o número de testes como o fator mais determinante”.
“Há aqui um sinal de esperança se houver uma redefinição do conjunto de critérios, porque temos visto que destinos que testam menos têm tido bonomia de avaliações que nem sempre traduzem a realidade dos territórios, tendo existido já uma discriminação positiva para os destinos insulares”, indicou.
Na opinião de João Fernandes, numa altura em que surgem testes mais baratos, rápidos e eficazes para a despistagem da covid-19, a discriminação positiva poderia estender-se a outras regiões, nomeadamente com “os passageiros a serem testados à partida e à chegada nos aeroportos, o que permitia desbloquear alguns impasses que são criados como medidas de fronteira” e que não penalizavam as regiões com menos casos.
“Temos a obrigação, sobretudo, enquanto país, de tentar controlar a evolução da pandemia para podermos beneficiar dos corredores aéreos e das ligações que, apesar de tudo, mantemos com o Reino Unido e da procura para esses voos, porque obviamente está não é uma boa notícia, embora fosse aguardada”, concluiu.
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