Ao ter conhecimento de “dificuldades na organização” da elaboração dos períodos de férias dos médicos, o sindicado enviou, entre 16 e 19 de março, um requerimento a mais de 45 instituições do SNS.
Nesse inquérito, o sindicato solicitava informação sobre a transferência do gozo de férias de 2020 para 2021, a majoração de dias de férias resultante da atribuição do prémio de desempenho no combate à pandemia de covid-19 e ao acréscimo de um dia de férias por cada cinco dias de férias não gozados no ano passado.
“Das 45 instituições questionadas só 11 nos responderam”, disse à agência Lusa Guida da Ponte, adiantando que o sindicato interpreta “esta ausência de resposta por haver deficiências na organização da gestão das instituições de saúde”.
Apenas duas instituições garantiram ter já identificado os profissionais elegíveis para a majoração de dias de férias resultante da atribuição do prémio de desempenho.
Das restantes respostas, algumas admitiram estar ainda a aguardar orientações solicitadas à Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo e as restantes limitaram-se a afirmar que o processo decorreria de acordo com o previsto na legislação em vigor, adianta o SMZS em comunicado.
“A desorganização é muita e o que nós apelamos é para a necessidade de uma resposta rápida aos médicos que estão a ficar desesperados com a ausência da sua planificação do seu merecido descanso”, salientou.
Segundo Guida da Ponte, o sindicato tem recebido queixas de médicos que se dizem “desapontados com esta dificuldades”, uma vez que os mapas de férias têm de estar organizados até 15 de maio.
Para o sindicato, “a dificuldade em identificar os trabalhadores médicos elegíveis para majoração de dias de férias resultante de atribuição do prémio de desempenho, transversal às instituições de saúde, vem novamente demonstrar a falta de coerência dos termos em que este foi definido e atribuído, como já tem sido denunciado pela Federação Nacional dos Médicos”.
De acordo com dados publicados no início de 2021, cerca de metade dos profissionais de saúde em Portugal apresentava “sintomas compatíveis com ansiedade e depressão moderadas a graves, e perturbação de ‘stress’ pós-traumático”.
“Após a terceira vaga, e perante o receio de que esta proporção tenha, infelizmente, aumentado, é absolutamente fundamental garantir que os profissionais de saúde que sustentaram a resposta à pandemia têm direito a férias, e que as conseguem articular com a sua vida pessoal e familiar”, defende o SMZS.
Adverte ainda que “a obstinação em não garantir a recuperação dos profissionais de saúde não só compromete a recuperação da atividade assistencial em atraso, como poderá sacrificar a capacidade de resposta do SNS, caso Portugal venha a ser confrontado com uma nova onda de atividade pandémica”.
O SMZS representa os médicos que exerçam a sua atividade nos distritos de Beja, Évora, Faro, Lisboa, Portalegre, Santarém e Setúbal, de Angra do Heroísmo, Horta e Ponta Delgada, nos Açores, do Funchal, na Madeira
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