"Temos uma situação que não é tão confortável como aquela que eu gostaria para partirmos para a época de Natal e passagem de ano. Preferia ter um número um bocadinho mais baixo de casos na região, mas é assim que está a acontecer", referiu Ana Cristina Guerreiro.

Aquela responsável, que falava na conferência de imprensa quinzenal da Comissão Distrital de Proteção Civil, adiantou que o pico de contágio na região foi "por volta de 22 de novembro, coincidente com o país", e que a queda registada desde então tem sido "de uma forma relativamente lenta, progressivamente lenta".

Para a época festiva, a delegada de saúde regional enfatizou que os princípios da utilização de máscara, distanciamento físico e de lavagem das mãos devem ser interiorizados e aplicados e que devem ser evitados os convívios entre núcleos familiares de diferentes proveniências, que "aumentam muito" o risco de contágio para os mais idosos.

Ana Cristina Guerreiro sustentou, porém, que será "muito difícil" indicar um limite do número de pessoas em convívio familiar "porque as atitudes e comportamentos vão passar-se dentro das casas das pessoas", justificou.

"Estarmos a dizer se é até seis pessoas ou até oito pessoas, é tudo tão falível, que acho que se deve apostar mais na consciencialização e sensibilização de pessoas para a adoção de atitudes que evitem os contágios familiares", prosseguiu, apontando como uma das medidas possíveis o afastamento, à mesa, dos mais idosos das pessoas que possam vir de fora.

Ana Cristina Guerreiro salientou, por outro lado, a sua preocupação face à saída de idosos institucionalizados em lares a pedido das famílias durante a época festival, uma vez que não existem "orientações precisas" da Direção-Geral da Saúde.

"Tenho sido questionada, quer por instituições, quer pelas autoridades de saúde locais, no sentido de que orientação devem dar e não é fácil. Porque se um idoso vai passar uma semana a casa, quando volta é um grande risco para a instituição. Neste equilíbrio, fica muito difícil tomar decisões", acrescentou.

Sobre a passagem de ano, o presidente da Comunidade Intermunicipal do Algarve (AMAL), António Miguel Pina, revelou que alguns municípios decidiram, "pura e simplesmente", não realizar fogo de artifício e que outros municípios vão tentar "dispersar" o espetáculo pirotécnico pelas respetivas localidades, de forma a que as pessoas possam ver em suas casas e não na rua.

De acordo com os dados das autoridades de saúde do Algarve, existem 1.602 casos ativos na região, 1.881 pessoas em vigilância ativa e 40 internados nos hospitais - dez deles nos cuidados intensivos, quatro dos quais ventilados -, enquanto o número de recuperados já atingiu os 4.827.

No Algarve, têm existido "vários surtos, mas com números menos elevados" comparativamente com outras regiões, frisou Ana Cristina Guerreiro, adiantando que o surto num lar de idosos de Lagos, com 25 casos reportados desde 16 de novembro, "está perfeitamente controlável".

Por outro lado, o surto no Estabelecimento Prisional de Faro "já se encontra totalmente controlado", informou.

Portugal contabiliza pelo menos 5.815 mortos associados à covid-19 em 358.296 casos confirmados de infeção, segundo o último boletim da Direção-Geral da Saúde (DGS).

O país está em estado de emergência desde 09 de novembro e até 23 de dezembro, período durante o qual há recolher obrigatório nos concelhos de risco de contágio mais elevado.