Segundo o jornal italiano Corriere della Sera, o número de vítimas mortais subiu já para seis. Contudo, tinha sido referida a existência de uma sétima vítima mortal, que entretanto se provou não ser devido ao coronavírus.
A identidade das vítimas foi também corrigida. A sexta morte é de um octogenário de Castiglione d’Adda, que faleceu num hospital de Milão. O homem tinha dado entrada no hospital com um enfarte no mesmo dia em que o homem de 38 anos, o primeiro doente com coronavírus, testou positivo.
A mulher de Crema, doente oncológica, que tinha sido transferida ontem para um hospital em Brescia, não é uma vítima do coronavírus, como inicialmente avançado. Contudo, o La Repubblica refere que a mulher faleceu pelo quadro clínico comprometido devido à sua doença.
A imprensa refere ainda que há uma possível ligação entre os surtos em Itália. Segundo a publicação italiana um agricultor de 60 anos de uma cidade vizinha, Albettone, esteve em Codogno e em outros centros na área de Lodi, apresentando sintomas de gripe. O homem, que poderá ser o "paciente zero", está já internado para que se possa fazer a avaliação do estado de saúde.
As autoridades italianas já tinham confirmado esta segunda-feira mais duas mortes relacionadas com o vírus: um homem de 88 anos, de Caselle Landi, e um de 84 anos que estava internado no Hospital Papa João XXIII, em Bergamo, também na Lombardia.
Com 229 casos e seis mortes, a Itália é o país da Europa com mais casos de infeção pela nova estirpe de coronavírus e o quarto a nível global.
Depois da China, o segundo país mais afetado é o Japão, com 769 casos (três dos quais mortais), incluindo pelo menos 364 no cruzeiro Diamond Princess, onde no sábado foi detetada a infeção de um cidadão português. Segue-se a Coreia do Sul, com 556 casos, cinco dos quais mortais.
Os casos em Itália estão para já circunscritos a quatro regiões do norte do país: Lombardia, Veneto, Emilia Romanha, Piemonte e Lácio.
As autoridades italianas não conseguiram até ao momento determinar o “paciente zero”, o primeiro caso em território italiano, o que torna difícil prever a propagação do vírus. O principal foco do que as autoridades admitem poder ser um surto autónomo, não-relacionado com a cidade chinesa de Wuhan onde surgiram os primeiros casos, é Codogno, uma localidade de 15.000 habitantes na Lombardia.
As recomendações da DGS para quem esteve ou irá deslocar-se a Itália
Reconhecendo que “muitas pessoas de Portugal estiveram em Itália nos últimos dias, nas últimas semanas, sobretudo nos últimos 14 dias, que são os dias que interessam", a diretora-geral da Saúde fez questão “deixar uma palavra de tranquilidade a estas pessoas, mas dizer-lhes também que estejam atentas”.
“Se estão assintomáticas, [devem] estar atentas ao aparecimento eventual de sintomas, sobretudo se estiveram com doentes em Itália”, disse Graça Freitas.
“Vamos publicar no nosso ‘site’ as áreas afetadas [em Itália] para as pessoas poderem saber quais são os focos onde a doença está presente”, anunciou ainda, "para que as pessoas não pensem que é a Itália inteira que está no mesmo nível de risco".
De acordo com o nível de risco que for determinado através das conversações com as autoridades italianas, a DGS vai reunir a sua ‘task-force’ dedicada ao combate ao COVID-19 "para analisar esse risco mais objetivamente, percebendo o que se está passar exatamente, quais são as zonas afetadas, e, em função disso, tomar-se-ão as medidas que forem consideradas pertinentes e necessárias", disse Graça Freitas. "Muitas vezes, temos que tomar estas medidas em alinhamento com outros países da União Europeia", acrescentou.
A quem regressou recentemente de Itália, Graça Freitas aconselha “tomar aquelas precauções básicas de higiene das mãos, higiene respiratória, não tossir nem espirrar em direção a outras pessoas ou até mesmo falar, manter algum distanciamento social”, mas também “não frequentar sítios fechados e com muita gente, a não socializar em termos de afetos. Muitos beijos e muitos abraços não serão o mais indicado nesta altura”, disse.
“Pelo menos, nos próximos dias, até nós entendermos bem o que se está a passar em Itália, nomeadamente como é que este foco se instalou, como é que a doença poderá ter iniciado”, sublinhou.
Insistindo para que “as pessoas se mantenham tranquilas”, a diretora-geral da Saúde sublinha que quem eventualmente tenha sintomas - que incluem febre, dores no corpo e cansaço - deverá contactar a linha SNS24 através do número 808 24 24 24.
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