Na Escola Básica e Secundária de Canelas, em Vila Nova de Gaia, distrito do Porto, com 1.800 alunos, há regime de ‘take-away’ para os alunos que não têm aulas no período da tarde.
Segundo o diretor da escola de Canelas, Artur Vieira, a maioria dos alunos está a cumprir as regras para os almoços mas, por estes dias, um aluno que tinha 'take-away' quis comer "num cantinho" da escola e andava a cirandar junto da cantina em "busca de um garfo", porque a embalagem não traz talheres.
"O aluno foi direcionado para a cantina para comer a comida embalada, mas levou um recadinho para o encarregado de educação, porque a regra é pegar no 'take-away' e ir para casa comer", explicou.
Com o serviço de 'take away', fica livre mais espaço para os alunos com aulas da parte da tarde comerem no refeitório, cuja capacidade é de “140 lugares”, em vez dos “600 lugares pré-covid-19”, ou seja uma quebra a rondar os 70% de lugares indisponíveis para almoço.
Na Escola de Canelas, cada turma está afeta a uma sala e é em contexto de aula que os alunos podem ir à casa de banho.
Durante os intervalos, as casas de banho estão encerradas para maior controlo e limpeza, explicou Artur Vieira, adiantando que as pausas são de meia hora e estão “desfasados entre turmas”.
Na Escola Fontes Pereira de Melo, no Porto, há registos de alguns estudantes que levantaram a comida embalada mas depois optaram por consumi-la no recinto escolar, quando a regra é comer fora.
“Se quiserem consumir cá dentro terá que ser, obrigatoriamente, na cantina. Agradeço que reforcem esta ideia junto dos vossos educandos”, pediu a direção do Agrupamento da Fontes Pereira de Melo, numa mensagem de correio eletrónico enviada aos encarregados de educação a que a Lusa teve hoje acesso.
Segundo Maria F., 14 anos, a frequentar o 9.º ano, a fila da cantina para comer “é a mesma fila para ir buscar o ‘take-away’” e os estudantes acabam por ali ficar muito tempo, sobrando “pouco tempo para almoçar”.
A aluna esclareceu que só podem entrar para a cantina grupos de “10 alunos” em simultâneo.
Vários alunos da Fontes Pereira de Melo contaram à Lusa que as regras do distanciamento na fila para a cantina não são mantidas.
Outros relatam que decidiram cancelar as senhas de almoço previamente reservadas, optando por levar o almoço na mochila e comer no “pavilhão polivalente”.
A refeição é tomada fria, porque o micro-ondas deixou de se poder usar, explicam, referindo que as casas de banho estão abertas durante os intervalos.
A Lusa contactou a direção da Fontes Pereira de Melo, mas em todas as tentativas telefónicas foi dito que “a diretora estava em reunião”.
Na Escola Garcia de Orta, também no Porto, não há regime de ‘take-away’, porque o Conselho Executivo decidiu transformar o pavilhão em refeitório, explicou o diretor Rui Fonseca.
Segundo Inês T., a frequentar o 10.º ano, os “meninos que lá almoçam não podem ficar muito tempo”, pois é-lhes pedido para “sair logo” quando acabam de comer.
O processo das idas à casa de banho tem a regra da “lotação máxima de duas pessoas”.
A escola prefere que os alunos se dirijam àquele espaço no período das aulas, porque assim “o funcionário tem um maior e melhor controle”, explicou Rui Fonseca.
A higienização é feita com “sabonete líquido” e “folhas de papel”, acrescentou.
“Na escola só se podem utilizar os quartos de banho durante as aulas”, confirma Inês T., acrescentando que sempre que entram na escola lhes é aplicado “desinfetante nas mãos”.
Na Escola Artística Soares dos Reis, no Porto, o diretor José Caldas conta que se reduziu em “60% o espaço na cantina” e que a solução encontrada para pôr 930 alunos a almoçar foi colocá-los também num corredor da escola adaptado e na sala de exposições, porque aquela instituição escolar “não tem um pavilhão polivalente”.
A maioria dos alunos da Soares dos Reis almoça na escola, devido à “elevada carga horária” - 08:30 às 18:30 -, e por isso, não existe ‘take-away’, explica José Caldas, referindo que para assegurar as regras de distanciamento se reduziu em 60% o espaço na cantina.
Também aqui os alunos podem ir às casas de banho durante as aulas. A opção foi tomada para “distribuir no tempo” os estudantes, que passaram também a ter o acesso a sanitários antes afetos a docentes e auxiliares de educação.
Por: Cecília Malheiro da agência Lusa
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