“Os carros começaram hoje a ser desinfetados em todas as estações, as limpezas começaram a ser feitas com um conjunto de produtos que não era normal fazerem-se. Nós observámos o processo”, disse à Lusa Paulo Gonçalves, da Comissão de Trabalhadores da Carris.
“As coisas estão a começar a correr bem”, frisou.
De acordo com o responsável, foi constituída uma comissão de acompanhamento composta pela comissão de trabalhadores, sindicatos, conselho de administração da empresa e outros representantes de áreas estratégicas da empresa.
Segundo Paulo Gonçalves, a comissão irá reunir-se na quarta-feira para analisar o evoluir da situação e para estabelecer “um conjunto de procedimentos a nível interno dos trabalhadores”, ou seja, matérias que já não têm a ver com os utentes.
“Por agora está ultrapassado. Algum material que estava em falta começou a chegar, não nas quantidades que desejaríamos, mas é normal tendo em conta as necessidades para todos”, explicou.
Por seu turno, Manuel Leal, representante sindical da Carris na Federação dos Sindicatos de Transportes e Comunicações (Fectrans), explicou à Lusa que a comissão de acompanhamento “irá aferir a cada momento as decisões que são necessárias para a preservação dos trabalhadores”.
“Estavam a faltar algumas medidas que foram já implementadas”, avançou, referindo-se, por exemplo, ao “processo de limpeza e desinfeção tanto das viaturas como das instalações administravas e oficinas” e à entrega de “meios de proteção a todos os trabalhadores”.
De acordo com Manuel Leal, foi ainda alargada a todos os veículos da empresa “as medidas de maior isolamento quer dos motoristas, que dos guarda-freios, com a salvaguarda do espaço de forma a impedir a utilização do espaço por terceiros”.
Manuel Leal frisou ainda que os trabalhadores com doenças de risco foram, “de forma imediata, dispensados do serviço” e outros, que não eram de serviços essenciais para a empresa, “o conselho de administração aceitou colocar esses trabalhadores em dispensa de assiduidade”.
O sindicalista deu ainda conta de um caso de irregularidade passado hoje com os trabalhadores da Carris Tour, mas que entretanto já foi resolvido.
“Ao arrepio de todas as indicações, decidiram concentrar todos os trabalhadores que não tinham serviço atribuído nas instalações da empresa. Quando detetado, contactámos o administrador que reconheceu a incorreção da medida e transmitiu que a iria corrigir de imediato”, explicou.
Segundo fonte da Carris, há uma “diminuição significativa do número de passageiros transportados na Carris. A afluência tem diminuído progressivamente ao longo da última semana, sendo que no domingo foi registada uma diminuição para um terço dos utilizadores”.
A empresa tem vindo a adotar as orientações conjuntas das autoridades de transporte na Área Metropolitana de Lisboa, nomeadamente a suspensão da obrigatoriedade de validação dos títulos de transporte.
Desta forma, de acordo com a mesma fonte, “será difícil de agora em diante aferir o número de passageiros transportados”.
No que diz respeito ao número de trabalhadores em casa para acompanhamento dos filhos, até segunda-feira, a CARRIS tinha registo desse pedido por 50 trabalhadores.
O surto de Covid-19 começou na China, em dezembro, e espalhou-se por mais de 145 países e territórios, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.
Em Portugal, a Direção-Geral da Saúde (DGS) elevou hoje número de casos confirmados de infeção para 448, mais 117 do que na segunda-feira, dia em que se registou a primeira morte no país.
Dos casos confirmados, 242 estão a recuperar em casa e 206 estão internados, 17 dos quais em Unidades de Cuidados Intensivos (UCI).
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