“Eu acho que reduzir o tempo de isolamento agora faz todo o sentido para que a vida possa continuar”, defendeu André Ventura, que falava aos jornalistas em Sintra, depois de ter feito uma viagem de comboio desde a estação de Lisboa-Rossio, percorrendo a linha ferroviária do concelho.

Para o líder do Chega, o tempo de isolamento atual “é insustentável para a economia e já não se justifica do ponto de vista da saúde pública”, defendendo que Portugal "tem que habituar-se ao convívio com o vírus, não relaxando completamente mas habituando-se a conviver com ele e ganhando imunidade de grupo".

Já sobre o facto de Rui Rio ter dito, em entrevista à CNN Portugal, que não tinha qualquer simpatia pelo Chega, André Ventura respondeu que “a política não deve ser um jogo de simpatias” e que “o país não pode estar refém dos caprichos nem das simpatias de Rui Rio”.

“Senão parecemos os namorados desavindos e eu acho que nem eu, nem Rio queremos ser os namorados desavindos da política portuguesa”, ironizou.

Para Ventura “é muito triste que um líder de um partido que se diz de centro direita, diga que não quer governar à direita e prefere governar com António Costa mesmo quando António Costa vem dizer que nunca governará com o PSD”.

“Rui Rio conseguiu o inacreditável que é tornar-se absolutamente descartável na política portuguesa: ninguém o quer nem à esquerda nem à direita e isso foi culpa dele próprio”, aditou.

Ventura afirmou que o Chega se mantém “onde sempre esteve”, sublinhando que não abdica das suas reformas nem vai “moderar nenhuma espécie de discurso”, mas está disponível para contribuir, depois das eleições, “para uma maioria de direita”.

“Se Rui Rio quiser isso, cá estaremos, se não quiser e abdicar de governar eu acho que Rio só tem um caminho: é demitir-se e dar lugar a outro para que possa negociar à direita a formação de um governo”, sublinhou.

Questionado sobre as críticas feitas hoje pelo PSD, que acusou hoje o Governo de "falta de planeamento e de gestão" da pandemia, o líder do Chega disse concordar com os sociais-democratas nesse ponto mas criticou o partido de Rio por ter aprovado todos os estados de emergência “do Governo socialista e do Presidente da República”.

Já sobre o porquê de ter feito o percurso de comboio entre Lisboa-Rossio e Sintra, em hora de ponta, numa altura em que o país atinge recordes em número de novos casos de covid-19, Ventura apontou para um problema de sobrelotação dos transportes públicos - apesar de admitir que o comboio que apanhou não se encontrava sobrelotado, por ser "altura de férias e de contenção".

“Por um lado, o Governo impôs uma série de restrições dentro de restaurantes, dentro de espaços comerciais, de bares, e impôs regras severas de contenção, sem olhar para o que se passava nos transportes públicos em que vimos todos como sardinhas enlatadas dentro de uma caixa. (…) Há um problema de sobrelotação e isto tem de ser resolvido”, defendeu.