Na terça-feira os trabalhadores da Risto Rail exigiram que a operadora retomasse estes serviços nas suas composições e alertaram que estão em risco salários e empregos de 120 pessoas.
Em declarações à agência Lusa, Francisco Figueiredo dirigente da Fesaht - Federação dos Sindicatos de Agricultura, Alimentação, Bebidas, Hotelaria e Turismo de Portugal deu conta de uma reunião ocorrida entre os sindicatos e a Risto Rail, do grupo Lufthansa, em que a empresa disse que não colocaria em Portugal "nem mais um cêntimo".
Em causa está a suspensão do serviço, desde março, que levou a que a CP deixasse, de acordo com Francisco Figueiredo, de pagar uma mensalidade de perto de 120 mil euros à empresa.
“Como medida de prevenção de contactos e garantia de cumprimento das medidas de distanciamento social, decorrentes da pandemia por covid-19, a CP viu-se forçada a suspender a prestação dos serviços a bordo dos comboios de Longo Curso, Alfa Pendular e Intercidades, desde o passado dia 19 de março de 2020”, disse, por sua vez, a CP - Comboios de Portugal, em resposta escrita à Lusa.
De acordo com a mesma fonte oficial, em junho a operadora “encetou negociações com o prestador de serviços [Risto Rail] com vista à retoma do serviço de bar, nos referidos comboios, alinhado com o cenário de pandemia que se vive e com os constrangimentos daí resultantes”.
A transportadora garantiu que “desde então tem vindo a realizar contactos com o prestador de serviços, com o objetivo de encontrar uma plataforma de entendimento” para “voltar a disponibilizar, aos clientes, serviço de bar a bordo dos comboios Alfa Pendular e Intercidades, cumprindo com as normas de saúde pública estabelecidas pelas autoridades competentes”.
As negociações pretendem ainda “ajustar o contrato de forma equilibrada para ambas as empresas, refletindo os novos níveis de serviço”, assegurou a CP, sem detalhar que tipo de alterações pode ocorrer.
“Não obstante os esforços empreendidos, não foi possível estabelecer um acordo equilibrado para as partes”, indicou a mesma fonte.
“Durante o processo negocial para a possível retoma do serviço foram realizadas, através de videoconferência CP/concessionário, oito reuniões”, indicou a empresa pública.
Francisco Figueiredo adiantou, na terça-feira que a Risto Rail disse que a CP deve mais de um milhão de euros à concessionária e que por isso iria deixar de colocar dinheiro em Portugal. "Com isto não pagam os salários de julho", lamentou.
Em causa ficam, segundo a Fesaht, 120 postos de trabalho, sendo que a Risto Rail já não renovou com os contratados a termo, de acordo com o mesmo responsável.
Tendo em conta esta situação, a federação "requereu uma reunião no Ministério do Trabalho" com representantes da Risto Rail, da CP e do Ministério da Infraestruturas, ainda sem data, para procurar uma solução. "Do nosso ponto de vista a atividade deve ser retomada de imediato", indicou Francisco Figueiredo, admitindo uma redução do serviços mas sem anular por completo, considerando que isso vai muito além do que a Direção-Geral da Saúde está a exigir.
"O sindicato não toma parte nem pela CP nem pela Risto Rail, o que estamos a reclamar é o exercício da atividade, pagamentos dos salários e que isto não resulte em despedimentos", indicou Francisco Figueiredo.
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