Em declarações aos jornalistas, ainda antes do início da paralisação (12:00), Carlos Nogueira precisou que, mesmo com serviços mínimos e os “esforços da CP” até às 10:00 “a taxa de supressões atinge os 40%”.
Questionado sobre os prejuízos da segunda paralisação este mês, o responsável informou que “não andará longe de 700 mil euros”, mas que os números exatos serão conhecidos mais tarde.
Sobre a anterior greve, no passado dia 04, Carlos Nogueira revelou que a perda de receita para a empresa foi de 1,3 milhões de euros.
O responsável sublinhou, porém, que a empresa de transporte de passageiros vai secundarizar o “tema da receita e do seu controlo”, dando prioridade ao transporte e à mobilidade dos seus passageiros “nestes momentos de conturbação e falta de paz social”.
“Os prejuízos são relevantíssimos”, considerou o presidente, que voltou a repetir a incompreensão sobre a marcação de paralisações contra o agente único e que ocorra apenas entre Coimbra e Vila Real de Santo António.
Recordando a marcação de novas greves para 23 e 24 de junho, a norte de Coimbra, o responsável afirmou que os sindicatos devem ter “razões que não se conseguem descortinar”, porque a “CP não fez, não faz e não fará serviços sem dois agentes escalados entre as categorias profissionais previstas na regulamentação de segurança ferroviária, quer a nível nacional, quer da própria CP”.
“Só com um maquinista o comboio não sai”, garantiu o responsável, repetindo que terá sempre de haver um segundo agente.
Face a um regime de 1999 sobre a questão do número de agentes, o presidente afirmou que o Governo e o Instituto de Mobilidade e dos Transportes “não têm condições para voltar atrás”, até porque há “liberdade” para as empresas de transporte funcionarem com dois agentes.
“A CP no passado, no momento presente e no futuro, comprometeu-se formalmente com o Governo e com o IMT” a ter dois agentes e a continuar a cumprir com essa questão, que tem sido colocada pelos sindicatos para convocar as greves.
Desde as 00:00, e por 24 horas, que decorre também uma paralisação na Medway (antiga CP Carga), enquanto na CP o protesto iniciou-se pelas 12:00 e prolonga-se também por 24 horas.
Os mesmos modelos serão utilizados para a greve de 23 e 24, mas para os trabalhadores a Norte de Coimbra.
O presidente do Sindicato Ferroviário da Revisão e Comercial Itinerante (SFRCI), Luís Bravo tinha previsto na segunda-feira em declarações à Lusa a adesão total dos trabalhadores que não cumpram os serviços mínimos e que as “bilheteiras vão estar completamente fechadas”. “No fundo vai haver comboios, mas não vai haver cobrança”, resumiu.
“Em termos de circulação vai haver bastante, uma vez que o tribunal arbitral decretou serviços máximos na sua decisão, que é incompreensível e que faz lembrar os tempos anteriores ao 25 de Abril (de 1974), em que não se podia fazer greve, porque como foram distribuídos os serviços mínimos, equivale praticamente a que os trabalhadores sejam impedidos de fazer greve”, argumentou.
A arbitragem obrigatória do Conselho Económico e Social decretou na sexta-feira que “serão realizados 25% do total dos comboios habitualmente programados para os períodos de greve, tomando em consideração que no dia 13 de junho, nas linhas e Sintra, Azambuja e Cascais a programação corresponde a dia feriado”.
Cabe à CP escolher os comboios, devendo dar prioridade “às situações com maior impacto na mobilidade das pessoas, designadamente os comboios que habitualmente transportam o maior número de passageiros”.
Já na Medway, os serviços mínimos abrangem o “transporte de ‘amoníaco’, ‘matérias perigosas’ ou suscetíveis de perecimento durante o período de greve”. A Lusa tentou, sem sucesso, obter. comentários da empresa.
Para explicar os motivos da greve, Luís Bravo lembrou que os trabalhadores têm uma ata do Governo de dezembro a incluir dois agentes no regulamento.
“O Governo não cumpriu o acordo e o senhor secretário de Estado se, aquilo que subscreve não vale nada, acho que devia considerar pôr o seu lugar à disposição”, defendeu.
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