Na audição que decorre hoje na comissão de inquérito à TAP, o antigo secretário de Estado das Infraestruturas foi questionado pelo deputado do PCP Bruno Dias sobre quando teve conhecimento dos chamados fundos Airbus, dividindo a resposta entre o momento em que soube formalmente e o “ouvi dizer”.

O conhecimento formal, segundo Hugo Mendes, foi em 2022 quando soube das diligências que a administração da TAP começou a fazer junto da Airbus.

“Não tinha informação concreta, específica, rigorosa que pudesse levantar bandeiras de risco”, referiu mais à frente.

Hugo Mendes admitiu, contudo, ter “ouvido dizer” que existiam fundos antes de ter tido conhecimento formal. A propósito, justificou que na TAP há “muitos ouvi dizer”

“Nós não escondemos nada a ninguém”, respondeu a Bruno Dias, recordando que foram os ministros das Infraestruturas e das Finanças, Pedro Nuno Santos e Fernando Medina, que “mandaram para o Ministério Público” este processo.

Hugo Mendes recordou que “foi este Governo que o fez”, o que é uma “atitude um bocadinho diferente do ouvi dizer”.

Em causa estão os chamados fundos Airbus, que resultaram de um negócio do ex-acionista privado da TAP David Neeleman com a fabricante de aviões, que envolveu a troca de uma encomenda de 12 aviões A350 por 53 de uma nova gama e uma “contribuição” superior a 200 milhões de euros da fabricante ao empresário, que os usou para capitalizar a TAP, conforme previsto no acordo de privatização.

No ano passado, uma auditoria pedida pela TAP apontou indícios de que o negócio tenha lesado a companhia aérea, por estar alegadamente a pagar um valor superior pelos aviões comparativamente aos concorrentes, motivando a abertura de um inquérito pelo Ministério Público, cujas conclusões ainda não são conhecidas.