Os 2,2 milhões de palestinianos em Gaza estão a sofrer de fome porque a guerra de Israel contra o Hamas destruiu todo o sistema alimentar do enclave, além de serem destruídas terras agrícolas e proibida a pesca artesanal, que era uma atividade fundamental para a ingestão de proteínas pela população, segundo agências das Nações Unidas e o seu relator para o direito à alimentação, Michael Fakhri.
Acresce a isto a destruição de infraestruturas de serviços básicos, os ataques e danos a hospitais e as consequências gerais dos bombardeamentos israelitas, que segundo o Ministério da Saúde controlado pelo movimento islamita causaram mais de 30.000 mortos, 60.000 feridos e 8.000 desaparecidos.
Perante uma situação que só se agrava, o CICV entende que a única forma de aliviar a catástrofe humanitária é com vontade e medidas que preservem a vida e a dignidade dos civis, para o que Israel e o Hamas devem conduzir as suas operações militares de forma a que os civis não sejam apanhados no meio.
“Os princípios da distinção, da proporcionalidade e da precaução devem ser aplicados na prática para atingir um único objetivo: preservar a vida e a saúde dos civis, esta é a regra sem exceção”, afirmou a presidente da organização, Mirjana Spoljaric.
A líder da organização sublinhou ainda que, enquanto potência ocupante, “Israel deve satisfazer as necessidades básicas da população ou facilitar a entrada segura de ajuda humanitária”.
Na sexta-feira, Fakhri assinalara que Israel reduziu para metade a quantidade de ajuda humanitária que deixou entrar em Gaza em fevereiro (em comparação com janeiro), apesar de ter sido repetido inúmeras vezez que se trata apenas de uma fração do que a população e, especialmente, as crianças necessitam.
Na última semana, as crianças começaram a morrer de desnutrição e desidratação, com mais de uma dúzia de mortes registadas em hospitais, ao mesmo tempo que se desconhece o que pode estar a acontecer entre os mais de 1,7 milhões de deslocados desde o início do conflito.
Spoljaric afirmou que o direito humanitário internacional oferece uma saída para esta espiral de violência e que todos os estados têm algo a ganhar com isso.
“O respeito pelo direito internacional não só salva a humanidade do inimigo, mas também a nossa própria humanidade, hoje e no futuro”, sublinhou.
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