Segundo a Comissão Europeia, cerca de 4.000 especialistas serão mobilizados para a operação, entre eles profissionais especializados em asilo, segurança, intérpretes e tradutores. 

A UE e a Turquia marcaram para a meia-noite de domingo os primeiros voos a partir das ilhas gregas onde foram verificados casos urgentes de pessoas que precisam chegar à costa. Segundo as autoridades gregas, no sábado foram registadas 1.500 chegadas, mais do que o dobro do que no dia anterior, um número muito acima dos níveis do início da semana.

A agência turca Anatolia informou que um bebé de 4 meses morreu afogado após o naufrágio de uma embarcação na madrugada de sábado. Já este domingo mais duas crianças morreram. As meninas, de um e de dois anos, afogaram-se após caírem, em circunstâncias desconhecidas, de um barco de borracha, no qual viajavam entre 35 e 40 pessoas, ao largo do ilhéu de Ro, não longe da ilha de Rodes, revelou a guarda costeira grega. Por outro lado, dois refugiados sírios sucumbiram a ataques cardíacos à chegada em canoa, durante a madrugada, à ilha grega de Lesbos. Só este ano 400 pessoas morreram afogadas na travessia.

A chanceler alemã, Angela Merkel, que desempenhou um papel importante nos acordos, suavizou um pouco os prazos e disse na sexta-feira, em Bruxelas, que a operação começará a 4 de abril. Frente às críticas de defensores dos direitos dos refugiados, a UE prometeu respeitar o direito internacional e irá assegurar que cada pedido de asilo que chegue à Grécia a partir de domingo tenha direito a um exame individual.

"Um trabalho hercúleo espera-nos, especialmente para a Grécia", reconheceu o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, já que a maior parte dos refugiados que chegam à costa grega são iraquianos e sírios. O acordo propõe que a cada refugiado sírio reenviado à Turquia, a UE aceite um refugiado dos 2,7 milhões que se encontram na Turquia, com um teto de 72.000 lugares.

O primeiro-ministro grego Alex Tsipras, muito fragilizado pelo preço que teve que pagar pelas políticas de austeridade, também afirmou que serão respeitadas as regras humanitárias. "Não vamos fazer nenhuma concessão", assegurou.

Os refugiados necessitam de proteção

O Alto Comissariado da ONU para os Refugiados (Acnur) estimou nesta sexta-feira que a forma de aplicação do acordo será "crucial". "Os refugiados necessitam de proteção e não rejeição", completou a organização em comunicado.

A UE espera que o acordo desestimule as chegadas, mas também que a Turquia cumpra o trabalho de conter os migrantes que tentam cruzar o Mar Egeu.

O primeiro-ministro grego espera que a força da NATO mobilizada no final de fevereiro também cumpra um trabalho de "filtragem". Além disso, a Grécia deve encarregar-se das pessoas bloqueadas no seu território desde o encerramento da rota dos Bálcãs, separando os migrantes económicos, que serão expulsos, dos demandantes de asilo, que serão enviados para outros países da UE.