O dia normal dos 408 formandos do GIPS no Centro de Formação da Figueira da Foz começa às 08:15, com a formatura diária, e só termina às 23:50. Nas cerca de 16 horas diárias de curso, 05% é dedicado à vertente teórica e 95% à vertente prática, contou à agência Lusa o diretor do curso, João Fernandes.
Há treino físico, treino operacional com combate direto e indireto a incêndios florestais, técnicas de montanhismo, condução de todo-o-terreno e uso de ferramentas mecânicas como motosserra ou motorroçadora, para garantir que o militar sai da formação pronto para as várias respostas que pode ter que dar num incêndio.
Esta força da GNR, explicou, tanto pode ser helitransportada para o ataque inicial a um fogo em zona inacessível, como ser integrada em equipas de ataque ampliado ou trabalhar no combate indireto, limpando mato a quilómetros do fogo para criar linhas de descontinuidade.
“Tentamos ao máximo simular aquilo que os militares vão encontrar na prática. Tem de ser um curso exigente, porque a missão, obviamente, também é muito exigente e só poderá ser desta forma”, frisou João Fernandes.
A exigência já fez as suas vítimas: 51 desistências que foram repostas por outros militares que tinham concorrido.
Segundo o diretor, este curso é feito para militares que estão noutros ramos da GNR, sendo que a maioria dos candidatos têm entre 25 e 35 anos e candidataram-se por procurarem “uma missão mais aliciante, mais operacional”.
Para além disso, a experiência de alguns como bombeiros no passado ou a possibilidade de ficarem mais perto de casa são outras das motivações, referiu o diretor do curso.
E qual a característica fundamental para se ser um militar do GIPS? “A resistência física e, paralelamente, psicológica”, responde João Fernandes, notando que os militares, no combate às chamas, poderão ter poucos períodos de descanso, a exaustão pode ser “total” e a nutrição e a hidratação podem estar longe do ideal.
Segundo o responsável pelo curso, o GIPS tem características “muito específicas” por serem militares, sendo pautados por “um profissionalismo, por um rigor e por uma capacidade física” que nem sempre “pode ser exigida a um voluntário”.
Os 408 formandos vão estar prontos para o verão, assegura o responsável, referindo que vão juntar-se a mais cerca de 100 militares da GNR que já tinham estado no GIPS e que tinham sido afastados da especialidade (para esses não foi necessária uma formação inicial, apenas “uma reciclagem”).
“Vamos duplicar o número de homens. Ficamos com cerca de 1.100 militares” no GIPS, sublinhou.
Com o reforço desta força, explicou, pode esperar-se uma “resposta mais rápida e musculada no ataque inicial”, mas também no ataque ampliado.
Paralelamente, são também reforçados os meios de prevenção, recordou, referindo que, na época menos ativa de combate a incêndios, os militares do GIPS têm como principal preocupação o cumprimento da lei relativa às faixas de gestão de combustível, quer na rede viária quer em habitações ou aglomerados populacionais.
O curso do GIPS vai na sua quarta semana. Depois de seis semanas no Centro de Formação da Figueira da Foz, os militares vão ser distribuídos pelos centros de meios aéreos, numa espécie de estágio antes da integração no grupo, a tempo de procurarem contribuir para um verão mais calmo.
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