Nunca deu por si a perguntar porque razão associamos quase de forma imediata o amarelo a um táxi? Pois bem, há um estudo por detrás dessa escolha que não foi, de todo, aleatória. Conta o The Economist que, em 1907, John D. Hertz, proprietário de uma firma de táxis em Chicago, pediu a um grupo de académicos da universidade da mesma cidade para elaborarem uma investigação para o seu negócio. Se a resposta vinha sobre um modelo complexo ou difícil, não sabia. Mas o propósito era bem simples: queria saber com que cor podiam os táxis da sua frota sobressair no meio de um oceano de carros pretos.
Agora, um século depois, um novo estudo, recentemente publicado, sugere que os táxis de cores que não o amarelo tende a ter mais acidentes. Esta é, pelo menos, a conclusão dos dados recolhidos por Ho Teck Hua e a sua equipa, da Universidade Nacional da Singapura.
A investigação do Dr. Ho e estudou uma companhia de táxi de Singapura que detinha duas frotas de cores diferentes (fruto de uma fusão, em 2002, de duas empresas diferentes), sendo uma composta por carros amarelos e outra por carros azuis, todos da mesma marca: Hyundai Sonata.
Esta foi, aliás, uma preocupação dos investigadores não podiam existir diferenças entre os veículos estudados exceto a cor. À data do estudo, existiam 4.175 carros amarelos e 12.525 azuis nesta empresa, todos com o mesmo nível de manutenção regular.
Após analisados dados de três anos fornecidos pela firma, os investigadores chegaram à conclusão que os táxis azuis estavam envolvidos, em média, em 71,7 acidentes por cada mil veículos, por mês. Os amarelos, por sua vez, estavam envolvidos numa média de 65,6 acidentes. Resumo: amarelo significa menos 9% de acidentes.
Mas então e os condutores? Não entram nas contas?
Precisamente para confirmar que os dados continham a maior fiabilidade possível, os investigadores escolheram um quinto destes condutores e estudaram o seu comportamento atrás do volante e os respetivos veículos. Como? Através dos dados recolhidos por satélite - que gravavam de 15 em 15 segundos a sua localização e o que se encontravam a fazer: se a trabalhar, a recolher um passageiro ou parados numa pausa. E aquilo que os dados demonstraram foi que, independentemente da cor da viatura, nada diferencia significativamente aquilo que os condutores fazem.
Os investigadores analisaram depois os relatórios dos acidentes, nomeadamente, a natureza de cada um e as condições de iluminação em que ocorreram.
E havia duas hipóteses em cima da mesa. A primeira era que o amarelo tinha, de facto, um efeito protetor. Isto porque um carro amarelo poderia destacar-se mais do que o azul quando o condutor da outra viatura tem uma visão clara, evitando a colisão. Isto provou ser verdade.
A segunda era de que o táxi amarelo tinha uma maior vantagem durante o período da noite uma vez que contrasta mais do que o azul num fundo escuro. Isto também se verificou.
E quando os autores do estudo compararam os acidentes ocorridos nos três tipos de condições de iluminação (luz do dia, luz de rua e sem luz) listados nos relatórios de acidentes, descobriram que a diferença era maior em cenários iluminados por luzes de rua.
Neste caso, os táxis amarelos sofreram menos 4,5 acidentes por cada mil viaturas/mês do que os táxis azuis. À luz do dia, a diferença era de 2 acidentes. No caso de colisões noturnas sem iluminação de rua não se registou um número suficiente de casos para a análise comparativa.
Partindo destes dados, Ho calculou que se a empresa mudasse a cor de toda a sua frota para amarelo iria, no decorrer de um ano, contar com menos 917 acidentes e poupar cerca de um milhão e quatrocentos mil dólares.
Portanto, na hora de escolher um táxi, a cor importa. Em Portugal, no entanto, tradicionalmente, os táxis são de cor creme ou de cor preta.
(Notícia alterada às 22h52: alterado título e acrescentada referência a Portugal no último parágrafo)
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