Cerca de 4600 quilómetros separam Lisboa de Moscovo. Contudo, pela guerra, a distância encurta-se. Esta tarde, na capital portuguesa, mais de 100 pessoas participaram num comício de protesto contra o presidente da Rússia, iniciativa organizada pela Associação de Russos Livres. E às criticas a Vladimir Putin somaram-se muitos apelos à libertação de presos políticos.

Os “amigos que vivem na Rússia” não têm a possibilidade de “falar livremente”, diz Marat Gelman, colecionador e curador de arte, que foi considerado “agente estrangeiro” em 2021, por Moscovo, na mesma altura que Veronika Nikulshina, do grupo musical Pussy Riot.

“Por isso falamos em nosso nome e por eles”, referiu o ativista à Lusa, acrescentando que outro dos objetivos de manifestações como a deste domingo é fazer os europeus perceberem que “nem todos os russos estão com Putin”, ao mesmo tempo que sublinha a necessidade da libertação dos presos políticos e a solidariedade para com a Ucrânia.

Ravi Novikau, bielorrusso presente na manifestação, afirmou também que faz eco do desejo de haver “liberdade de Putin”, notando como o presidente russo “é um perigo para todo o mundo”. “O nosso papel aqui é recordar toda a gente e a nós mesmos acerca deste perigo”, acrescentou.

Mas as vozes contra Putin não surgiram apenas em Lisboa: este protesto foi promovido em pelo menos 120 cidades de 40 países em todo o mundo, pela Fundação AntiCorrupção, fundada pelo opositor russo Alexey Navalny, também para denunciar as “pseudo-eleições” presidenciais na Rússia, previstas para março e onde o chefe de Estado é recandidato.

Entretanto, quais as notícias da guerra?

  • Pelo menos 27 pessoas morreram e 25 ficaram feridas num ataque a um mercado de Donetsk atribuído a forças ucranianas, segundo um novo balanço divulgado pelas autoridades desta região anexada pela Rússia. Os serviços de emergência confirmaram a existência de duas crianças entre os feridos e alertaram que o número de mortos pode aumentar, uma vez que há muitas vítimas que sofreram ferimentos graves.
  • O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, sublinhou hoje que não assinará qualquer acordo que implique a entrega da Crimeia e do Donbass à Rússia, ao mesmo tempo que censurou o homólogo russo, Vladimir Putin, por não querer verdadeiramente a paz. "A paz na Europa só é possível quando o mundo inteiro assumir que a Ucrânia é verdadeiramente independente", sublinhou, embora tenha admitido que "obviamente é melhor procurar uma saída política para recuperar a independência".
  • A Coreia do Norte afirmou hoje que o presidente russo expressou vontade de visitar o país num futuro próximo, em resposta a um convite do líder Kim Jong-un. De recordar que A Casa Branca acusou a Rússia de ter disparado recentemente mísseis balísticos norte-coreanos contra a Ucrânia, somando-se aos já utilizados nos ataques de 30 de dezembro e 2 de janeiro. Mas Pyongyang e Moscovo negam a transferência de armamento.