Construído em 1204 e inaugurado pelo papa Inocêncio III, o mosteiro cartuxo de Certosa di Trisulti fica no topo de uma montanha situada a 130 quilómetros a sudoeste de Roma, na província de Frosinone. Será lá que Steve Bannon, ex-assessor de Donald Trump, cérebro da sua campanha de 2016 e considerado por alguns como o "operacional político mais perigoso da América", erguerá aquela que já é considerada como "a Universidade do populismo".

O projeto, que ainda não saiu do papel, não é uma ideia exclusivamente sua. Benjamin Harnwell, britânico de 43 anos, quem o El País designa como o braço direito do norte-americano na capital italiana, acompanha-o no empreendimento.

Foi o próprio Benjamin Harnwell, presidente do Instituto Dignitatis Humanae (DHI), um think tank ultraconservador dentro do Vaticano e que se opõe a Francisco, que apresentou o conceito em setembro do ano passado.

“Faremos retiros, cursos de formação, cursos educativos com professores de elevada reputação”, disse ao El País, que visitou o local na companhia de Harnwell.

Já o The Washington Post, que também visitou o espaço, escreve que a academia tem como missão “formar a nova geração de líderes”, "os novos Matteos Salvini e Viktors Orbáns”.  À publicação norte-americana, Harnwell descreveu a futura instituição, que será financiada por doações privadas, como um dos "legados de Bannon".

A escolha dos professores ou o conteúdo letivo ficará da responsabilidade de Bannon e os monges serão substituídos por cerca de 350 estudantes. Será ensinada história, teologia, filosofia ou economia. Mas também "as bases do populismo e do nacionalismo" e "as artes aplicadas dos novos media".

Desde as eleições de março de 2018, que deram a vitória à Liga e ao 5 Estrelas, que Bannon tem passado grande parte do seu tempo em Itália. Aos seus olhos, Matteo Salvini, vice primeiro-ministro e ministro do Interior, homem forte do governo e líder da extrema-direita italiana, é um modelo a seguir e o exemplo quer para todo o continente europeu.

De acordo com o Expresso, num texto assinado por um correspondente em Roma, com data do início de fevereiro, o DHI obteve a concessão da cartuxa durante 19 anos por um valor anual de 100 mil euros, mas falta-lhe a “ata de entrega” ministerial. Um documento que pode travar a iniciativa.

O conceito parece não agradar aos habitantes de Collepardo, município onde fica a cartuxa. No final de 2018, um grupo —  Comunidade Solidária — contestou a iniciativa nas ruas da povoação.