
Conhecida pelo nome artístico Cassie, a cantora e modelo de 38 anos, que teve um relacionamento de mais de uma década com o magnata da música, descreveu-o como um abusador violento e controlador que estava disposto a usar a sua riqueza e influência para satisfazer os seus desejos.
Para isso, organizava orgias, muitas vezes com profissionais do sexo, nas quais obrigava Ventura a participar e a consumir drogas.
As primeiras perguntas da advogada de Combs, Anna Estevao, foram para estabelecer a relação de amor e paixão que existia entre os dois. "Eu apaixonei-me por ele e gostava muito dele", disse Cassie.
A defesa do réu mostrou mensagens trocadas entre o casal, muitas sexualmente explícitas. Numa delas, enviada em 2009, Ventura diz a Combs: "Estou sempre pronta para ficar louca".
Cassie, que está grávida do seu terceiro filho, é a testemunha principal no caso que acusa o magnata do hip-hop de tráfico sexual e de comandar uma rede de prostituição ilegal.
Se for condenado, poderá passar o resto da vida na prisão.
Mais nervoso do que os outros, Combs, também conhecido como Puffy Daddy e P Diddy, estava no tribunal acompanhado pela sua mãe, Janice Combs, e três dos seus filhos.
A estratégia da defesa é fazer com que o júri veja que Ventura consumia drogas, participava nas orgias por vontade própria e comportava-se de forma errática e até violenta.
Nas declarações iniciais, a defesa reconheceu que Combs praticou violência doméstica no seu relacionamento "tóxico", mas afirmou que não é por isso que está a ser julgado.
Ventura alegou que participava nas orgias porque estava "simplesmente apaixonada e queria fazer [Combs] feliz". Segundo a própria, o então namorado ameaçou divulgar vídeos dela durante estas orgias se não realizasse os seus desejos.
"Estava a deixar-me louca"
De acordo com a cantora, o tempo que passou com o rapper deixou-a com transtorno de stresse pós-traumático, dependência química e ideias suicidas.
Em 2023, começou a fazer terapia e tratamento de desintoxicação. "Eu estava a ficar louca (...) não queria viver mais", disse Ventura com a voz embargada.
A artista reconheceu que consumiu drogas como ecstasy, cetamina e cocaína para atender às exigências de Combs, de quem se separou em 2018, antes que ele a violasse, afirmou.
Disse, ainda, que as drogas tinham um efeito "dissociativo e entorpecente". "Eu não queria sentir o que realmente estava a acontecer na minha mente, na minha vida, em tempo real. Era apenas uma válvula de escape para mim".
Num vídeo de 2016, exibido no tribunal, as câmeras de segurança mostram "Diddy" a espancá-la brutalmente e arrastando-a pelos cabelos pelo corredor de um hotel em Los Angeles.
Na quarta-feira, a procuradora mostrou fotos de Ventura com os lábios inchados em um Uber a caminho de casa após o ocorrido.
Comentários