Apesar da maioria republicana no Senado, os democratas prometeram uma forte batalha para evitar que Brett Kavanaugh, de 53 anos, obtenha essa posição vitalícia.

No primeiro dia do debate na Comissão Judicial, o senador democrata Richard Blumenthal, pediu o adiamento da sessão, depois de denunciar o atraso com o qual os opositores receberam milhares de documentos que serão usados na audiência.

Mas a solicitação foi rapidamente negada pelos republicanos.

Kavanaugh permaneceu impassível ante os gritos de vários membros do público.

Indignados com as interrupções, os senadores republicanos reafirmaram a independência de Kavanaugh e disseram que jamais haviam entregue tantos documentos para a confirmação de um juiz para o Supremo Tribunal.

Acima da lei?

Os democratas manifestaram a sua indignação por não terem podido consultar os milhares de documentos a tempo, depois de receberem 42.000 páginas na segunda-feira à noite, feriado do Dia do Trabalho nos Estados Unidos.

Os democratas pressionaram para ter acesso a todos os documentos referentes à extensa carreira de Kavanaugh, um juiz federal conservador que trabalhou na Casa Branca durante a gestão do presidente George W. Bush e que redigiu centenas de sentenças.

Kavanaugh teve uma posição importante na Casa Branca, onde controlava o fluxo de documentação para e do Salão Oval.

Os democratas suspeitam de que Kavanaugh tenha desempenhado algum tipo de papel nas decisões relacionadas com as técnicas de interrogatório ilegais usadas nas guerras do Iraque e do Afeganistão.

As preocupações também se baseiam numa opinião de Kavanaugh, expressada em 2009, de que os presidentes americanos não deveriam se ver impedidos de exercer as suas funções por casos judiciais, num momento no qual o procurador especial Robert Mueller investiga a campanha presidencial de 2016 de Donald Trump.

"Este presidente ou qualquer outro está acima da lei?", questionou o democrata Dick Durbin na sua apresentação.

O líder democrata do Senado, Chuck Schumer, queixou-se no Twitter: "Nenhum senador pôde rever esses arquivos até esta manhã". E continuou: "Isto mostra o quão absurdo é este processo".

Perante a avalanche de críticas, Kavanaugh prometeu ser um juiz "imparcial" e "julgar os casos de acordo com a Constituição", segundo trechos da sua exposição, publicados pela Casa Branca.

Donald Trump escolheu Kavanaugh para substituir o juiz Anthony Kennedy, que se aposentou após três décadas no Supremo Tribunal de Justiça dos EUA.

Apesar da forte oposição dos democratas, a confirmação do juiz Kavanaugh parece praticamente assegurada. A maioria republicana (51-49) foi temporariamente reduzida pela morte de John McCain, que será substituído por um correligionário do partido.

A audiência deve durar quatro dias, com cerca de 30 oradores, incluindo a ex-secretária de Estado e ex-conselheira de segurança nacional, a republicana Condoleezza Rice.