Meios de comunicação e congressistas pediram a um juiz da Flórida que divulgasse o documento que possibilitou as buscas que criaram uma tempestade política num país já muito polarizado. O Departamento de Justiça, todavia, recusou, por considerar que "existem razões convincentes, as quais incluem proteger a integridade de uma investigação policial em andamento que envolve a segurança nacional".

Na última sexta-feira, a pedido da procuradoria, um juiz publicou a ordem que autorizou as buscas e uma lista dos documentos apreendidos na casa de Trump.

A nova solicitação diz respeito a um documento que contém "factos de investigação detalhados e de importância crítica, bem como informações altamente confidenciais sobre as testemunhas".

Caso se torne público, o documento poderá revelar a estratégia dos investigadores, diz o Departamento de Justiça, e “comprometer (o sucesso) das próximas etapas da investigação”, acrescenta.

Trump afirmou ontem que agentes do FBI apreenderam os seus passaportes durante a operação de busca. "Uau! Na operação do FBI em Mar-a-Lago, roubaram três passaportes (um expirado), juntamente com todo o resto", publicou o ex-presidente na sua plataforma, a Truth Social. "Este é um ataque a um adversário político num nível nunca antes visto em nosso país. Terceiro Mundo!"

Trump tem vindo a condenar a operação do FBI afirmando que a mesma foi politicamente motivada e representa o "uso" do Departamento de Justiça "como arma". O ex-presidente chegou mesmo a sugerir que o FBI podia ter colocado provas durante as buscas à sua casa.

Entretanto, segundo o The Wall Street Journal, os agentes do FBI que revistaram a casa do ex-presidente norte-americano Donald Trump recuperaram documentos classificados, incluindo alguns "ultrasecretos" que deveriam estar apenas em instalações especiais do Governo.

O jornal, que teve acesso ao inventário dos materiais apreendidos, explica que o FBI (polícia federal norte-americana) levou um total de 20 caixas da mansão de Trump em Mar-a-Lago, na Flórida, incluindo 11 coleções de materiais classificados.

Além das investigações sobre as suas práticas comerciais, Trump está sob escrutínio pelos seus esforços para anular o resultado das últimas eleições presidenciais, que perdeu para Joe Biden, em novembro de 2020, e pelo seu papel no ataque de 6 de janeiro de 2021 ao Capitólio.

As buscas à mansão em Palm Beach de Donald Trump, pelo FBI, dividiram opiniões: para uns, foi o primeiro passo para um julgamento; para outros, uma "perseguição política". Isto num país cada vez mais polarizado e numa altura em que o ex-presidente considera candidatar-se de novo à Casa Branca.

A porta-voz da Casa Branca, Karine Jean-Pierre, negou categoricamente que o presidente Joe Biden tenha sido informado com antecedência sobre a entrada na mansão de Trump.

"O presidente Biden foi muito claro, antes de ser eleito e desde o início de seu mandato, sobre o facto de o Departamento de Justiça conduzir as suas investigações de forma independente. Biden acredita no Estado de Direito", declarou.

Trump, que pode anunciar a sua candidatura a um novo mandato a qualquer momento, aproveitou este caso oportunidade para pedir mais doações aos seus apoiantes.

"Não foi apenas uma casa que foi atacada, é a casa de cada um dos americanos pelos quais lutei", lamentou o ex-presidente num e-mail para apoiantes, sugerindo doações dos 5 aos 50 mi dólares para enfrentar esta "caça às bruxas".

Trump foi o primeiro presidente dos EUA desde Gerald Ford (1974-1977) a não divulgar anualmente a sua declaração de impostos, uma tradição que os seus antecessores consideravam parte do seu dever de transparência e prestação de contas à população.

Com 76 anos, Donald Trump poderá candidatar-se à Casa Branca pelo Partido Republicano em 2024, depois de ter perdido a reeleição para um segundo mandato para Joe Biden, em 2020, resultado que nunca aceitou.

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