“O vosso trabalho consolida a inserção de Portugal numa sólida rede de alianças, defende e afirma a credibilidade externa do Estado, e contribui para a promoção da paz e da segurança internacional”, afirmou João Gomes Cravinho.
De regresso à Base Naval do Alfeite, em Almada, de onde tinha ‘zarpado’ a 15 de junho para participar na operação “Sea Guardian”, da NATO, e na operação IRINI, da União Europeia (UE), os 67 dias no mar permitiram ao submarino Tridente “garantir um ambiente seguro no mar” e assegurar que as vias marítimas se mantêm “desimpedidas, desocupadas e seguras”, assim como “reduzir o tráfico imigrante [em situação] ilegal” e de estupefacientes, segundo o comandante do submarino, Ribeiro da Paz.
“Posso afirmar que a missão foi concluída com sucesso, estou bastante satisfeito com os objetivos atingidos e com o desempenho do Tridente”, afirmou o capitão-tenente em declarações aos jornalistas.
Reconhecendo que o trabalho simultâneo para a Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO, na sigla em inglês) e para a União Europeia (UE) requer “mais trabalho”, sobretudo para uma “guarnição reduzida” como a do Tridente onde as “pessoas começam a ficar desgastadas” devido às condições de vida no mar, Ribeiro da Paz avança, no entanto, que tudo estava “bem planeado” e “estruturado” para permitir a fluidez no trabalho com as duas organizações.
“Sabemos quais é que são as tarefas de uma e de outra missão. (…) Obviamente dá trabalho, porque para uma missão é só um relatório, para duas missões são dois relatórios. Mas nós fazemos, e fazemos com muito gosto. Temos de ter aqui algum jogo de cintura, alguma ginástica, muita resiliência e muita dedicação”, apontou.
Do seu lado, Gomes Cravinho considerou que o trabalho simultâneo com a NATO e a UE tornou a missão do submarino Tridente “muito importante” para Portugal, porque ajudou a que “as duas organizações saibam trabalhar juntas em áreas de interesse convergente”.
“Esta missão (…) teve cerca de sete mil contactos, dos quais 1900 chamados contactos de interesse — poderão ser objeto de pirataria, tráfico de humanos ou outro tipo de pontos de interesse — e o que é muito importante aqui é que, muitas vezes, os contatos não sabem sequer que estão a ser observados. Portanto, permite um conhecimento situacional marítimo profundo que é aproveitado pela NATO, é aproveitado pela UE”, afirmou o ministro aos jornalistas.
Dirigindo-se à guarnição, Gomes Cravinho reconheceu o “ónus elevado em termos pessoais e familiares” que missões como a do Tridente representam para os seus tripulantes, e agradeceu a “solidariedade, o esforço individual e coletivo” desempenhado.
“Mais uma vez, souberam honrar a herança nobre da Marinha Portuguesa, em interação com os nossos parceiros e aliados, e com isso reforçaram a parceria estratégica entre a NATO e a UE”, frisou.
Um dos tripulantes, o tenente Correia Rodrigues, que foi chefe de serviço de navegação durante os mais de dois meses da missão do submarino, reconhece que viver no submarino é um “desafio”.
“Nós temos que ganhar grandes amizades dentro do submarino para nos apoiarmos uns aos outros. Como estamos todos na mesma situação, vamo-nos apoiando, vamos contando histórias do que se passa em casa. (…) E cada dia é um dia, quando entramos na rotina vai passando com mais tranquilidade”, salientou.
Sem poder falar com os familiares durante a duração da missão por não haver rede no submarino — a não ser quando se faziam paragens logísticas para se abastecer o navio -, Correia Rodrigues, que se casa daqui a um mês, prepara-se agora para saber como é que estão os preparativos para o seu casamento.
“Vou-me casar daqui a um mês e a minha noiva esteve a tratar do casamento. Vou agora descobrir como é que [o casamento] está — espero que esteja tudo bem — e vou agora apoiá-la no decorrer do processo”, frisou.
Comentários