“Espero que Portugal e os países da Europa ajudem a Tunísia a sair da sua crise económica”, disse, em entrevista à agência Lusa, Mbarka Brahmi, deputada da oposição na Tunísia, que esta quarta-feira recebe em Lisboa o prémio Norte-Sul 2016, atribuído pelo Centro Norte-Sul do Conselho da Europa.

“Aqui, em Portugal, sinto-me na Tunísia. A paisagem, o clima... Espero que as relações sejam melhoradas”, defendeu a deputada do partido Frente Popular.

Seis anos depois da revolução na Tunísia que levou à queda do Presidente Ben Ali, a Tunísia enfrenta uma crise económica, mas Mbarka Brahmi acredita que será possível ultrapassar as dificuldades.

“Esperamos que os desafios económicos sejam ultrapassados com sucesso. As condições neste momento são muito favoráveis para um novo lançamento económico”, afirmou

Outro desafio que o país enfrenta é o da segurança, mas também neste domínio a parlamentar tunisina identifica melhorias.

“Houve atentados muito graves, mas a situação melhorou muito. Atualmente temos uma melhor segurança”, sustentou.

A Tunísia sofreu graves atentados terroristas em 2015, que provocaram a morte a 72 pessoas, 60 das quais estrangeiros. Segundo dados do Governo, cerca de 5.000 tunisinos juntaram-se a grupos radicais islâmicos no estrangeiro, o que torna o país no primeiro exportador mundial de combatentes.

Mbarka Brahmi recebe esta distinção do Centro Norte-Sul como um reconhecimento pelo seu “envolvimento direto no processo democrático tunisino” e pela sua “luta em prol da justiça social”, anunciou o organismo do Conselho da Europa.

A deputada, enquanto presidente da comissão parlamentar de Saúde e Assuntos Sociais, tem-se empenhado em particular nas questões ligadas à saúde dos tunisinos, identificando ainda “várias necessidades e falhas”, em especial para as crianças e as mulheres.

Mbarka Brahmi também se tem batido pelos direitos das mulheres, garantindo que as tunisinas são “de primeira classe”, quando comparadas com outras mulheres árabes e muçulmanas.

“As leis constitucionais [na Tunísia] dão direitos às mulheres que não dão noutros países árabes”, por exemplo, ao nível da participação na vida política, disse, comentando que no parlamento, mais de um quinto são mulheres.

A mulher, acrescentou, “participa em todos os planos da vida política e está muito envolvida e é muito participativa na vida social”.

“A Tunísia é um exemplo para os árabes, para os africanos e para os países do terceiro mundo”, sustentou.

Em declarações à Lusa, a embaixadora tunisina em Lisboa, Saloua Bahri, afirmou que a Tunísia vê esta distinção como “um símbolo político de apoio renovado ao processo de transição democrática” e como um reconhecimento dos “esforços e da contribuição importante da mulher tunisina na consolidação do processo democrático e da consagração de valores e princípios de direitos humanos”.

A diplomata elogiou a atribuição do prémio à deputada tunisina, viúva do líder da oposição Mohamed Brahmi, “vítima de um assassinato político” em julho de 2013.

Também a presidente da Câmara de Lampedusa, Giuseppina Nicolini, foi distinguida com o prémio Norte-Sul pelo seu trabalho no acolhimento de migrantes naquela ilha italiana, mas não estará presente na cerimónia.

As distinções serão entregues esta quarta-feira no parlamento português, numa sessão presidida pelo presidente da Assembleia da República, Eduardo Ferro Rodrigues, e com a presença do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, da secretária-geral adjunta do Conselho da Europa, Gabriella Battaini-Dragoni, e do presidente do Comité Executivo do Centro Norte-Sul, Jean Marie Heydt.

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