Na cópia do pedido de renúncia entregue na Assembleia da Madeira enviada às redações, o parlamentar centrista insular escreve que foi eleito “confiante numa alteração na política regional onde o parlamento assumisse o seu desígnio mais efetivo”.

No seu entender, passados dois anos, e apesar das “regras políticas terem sido melhoradas”, a produção legislativa “é escassa e de qualidade duvidosa”.

“Persistem resistências incompreensíveis a uma melhora da qualidade e eficiência do trabalho parlamentar em proveito de uma excessiva exibição partidária, senão mesmo sectária”, opina Ricardo Vieira.

Também considera que o resultado das últimas eleições autárquicas de 01 de outubro “tem uma interpretação legítima regional” e que é necessário “analisar com frieza e humildade”, face aos desafios que a Madeira tem de enfrentar na próxima década.

Enuncia o desenvolvimento e a defesa do Centro Internacional de Negócios da Madeira, um novo relacionamento financeiro com o Estado, um novo regime de acessibilidades, envolvendo a União Europeia, para garantir o princípio da continuidade territorial, além de um quadro de incremento à criatividade no setor primários e turismo, visando a criação de postos de trabalho.

“Exige-se um projeto que refunde a autonomia regional”, defende, acrescentando que “são desafios que vão exigir disponibilidades, persistência e coesão” e “só serão possíveis num quadro de afirmação e de reivindicação da Madeira”.

Ricardo Vieira sustenta existir uma “vontade política de agregação de contributos” que pode gerar um “amplo movimento de refundação da autonomia regional”.

Contudo, realça que, “no espaço político parlamentar do CDS-PP na Assembleia da Madeira, naturalmente sujeito à atual direção do partido, é dificilmente conciliável a aposta na refundação da Madeira”.

O deputado e antigo líder centrista madeirense argumenta ver no grupo parlamentar do seu partido “cristalizarem-se comportamentos, enjeitarem-se colaborações e circunscrevem-se a uma hipotética sorte eleitoral que faça recair em poucos deputados que restem de uma próxima eleição, a sustentabilidade de um qualquer futuro governo regional”.

Face a esta situação, aponta que só tinha dois caminhos a seguir: passar a deputado independente ou renunciar ao mandato.

“Mesmo sabendo que corro o risco de ser acusado de abandonar a luta política e de ‘fazer o jeito’ a outros, não estou disposto a ser deputado independente, por razões de coerência e de fidelidade institucional”, declara Ricardo Vieira.

Conclui sublinhando que “a renúncia é a atitude necessária de desapego a quem sente este desconforto face à sua consciência”.

A bancada do CDS-PP na Assembleia da Madeira é composta por sete deputados.