"Os arqueólogos portugueses e espanhóis descobriram algumas dezenas de artefactos, sobretudo bifaces, mas também machados de mão com entre 200 a 300 mil anos", explicou Odete Barra à agência Lusa.

A descoberta resultou de um projeto de investigação transfronteiriço intitulado "Miño-Minho: Os Primeiros Habitantes do Baixo Minho", que decorreu, em simultâneo, na freguesia de Bela, concelho de Monção, distrito de Viana do Castelo, e, em Espanha, na província de Burgos.

"Do lado de Portugal os trabalhos decorreram na freguesia de Bela e, do lado espanhol, nas localidades de Porriño e As Neves".

Segundo Odete Barra, "os utensílios, bastante rudimentares, mas em bom estado de conservação, são importantes para estudar a ocupação do território, naquela região".

"Os artefactos foram encontrados em estratos arqueológicos que os foram preservando, em bom estado, até aos dias de hoje, e que permitem verificar a utilização dos mesmos", especificou.

A investigação arqueológica teve início em maio e permitiu a descoberta do Sítio Paleolítico da Bela.

Entre 25 de junho e 03 de julho realizaram-se mais trabalhos arqueológicos, "tendo-se identificado um número significativo de artefactos de pedra lascada, como bifaces e machados de mão".

"A descoberta ocorreu num talude que ladeia um antigo caminho rural e na base de um muro que delimita um terreno agrícola. Com o objetivo de avaliar a sua importância, procedeu-se à limpeza e verticalização do referido talude, o que permitiu recolher, uma vez mais, uma amostragem expressiva de materiais de pedra lascada", sustentou.

Aquela investigação foi a terceira realizada desde 2016, sendo que "os próximos trabalhos, a desenvolver em abril e maio de 2019, terão como principal objetivo a realização de uma escavação no referido terreno agrícola, onde foram recolhidos artefactos importantes, avaliando, com maior profundidade, a relevância deste sítio arqueológico".

Odete Barra adiantou que, em 2016 e 2017, os trabalhos incidiram na União de Freguesias de Messegães, Valadares e Sá e, este ano, centraram-se na freguesia de Bela.

O projeto, participado por investigadores portugueses e espanhóis, das universidades de Lisboa, Porto e Minho e do Centro Nacional de Investigación sobre la Evolución Humana, em Burgos, contou com o apoio da Câmara de Monção, da Junta de Freguesia de Bela, e do proprietário do terreno, onde decorreu a sondagem arqueológica.