"Isto é um rude golpe não apenas para o concelho da Madalena, mas para toda a ilha do Pico", lamentou o autarca social-democrata José António Soares, em declarações à agência Lusa após reuniões realizadas entre o município, a administração da Cofaco e o Governo Regional dos Açores.
Na terça-feira, a conserveira anunciou aos cerca de 180 trabalhadores a intenção de despedi-los.
Segundo José António Soares, não são apenas estes trabalhadores que estão em causa, mas também os respetivos agregados familiares.
"Estamos a falar de um número enorme de pessoas que dependem desta empresa", lembrou o autarca, recordando que, em alguns agregados familiares, existem mesmo duas e três pessoas que vivem exclusivamente da conserveira.
O presidente da Câmara Municipal da Madalena, concelho onde está instalada a unidade fabril, disse ter, no entanto, a "expectativa" de que a conserveira venha a construir uma nova fábrica no concelho, como efetivamente prometeu, dentro de aproximadamente dois anos.
"Não sabemos, no entanto, se estas pessoas que agora serão despedidas vão voltar ou não a trabalhar na Cofaco", advertiu José António Soares, que não esconde a "consternação" e a "preocupação" que este despedimento coletivo está a gerar no concelho.
O autarca social-democrata recordou também que a Cofaco, que está implantada no Pico desde 1962, tem uma longa "ligação de proximidade" com as gentes da Madalena, tendo desempenhado, durante muitos anos, um "importante papel económico, social e mesmo cultural".
"Na década de 1970, os bailes e as iniciativas recreativas na Madalena eram feitos no salão da fábrica da Cofaco", recordou o presidente do município, que espera agora que os responsáveis pela conserveira não abandonem o concelho e a ilha.
Segundo o autarca, a administração da Cofaco pretende construir uma nova unidade fabril, cujo projeto já está em apreciação pela Direção Regional das Pescas, e deixou o compromisso de apreciar o processo com "a maior celeridade possível", quando este der entrada na Câmara Municipal da Madalena.
De acordo com Sérgio Gonçalves, representante do Sindicato de Alimentação, Bebidas e Similares, Comércio, Escritórios e Serviços dos Açores, o conselho de administração reuniu-se com os cerca de 180 trabalhadores da fábrica para os informar de que todos seriam despedidos com direito a "indemnização e fundo de desemprego", deixando a Cofaco de laborar naquela ilha até à construção de uma nova fábrica.
"Serão pagas as indemnizações e vamos todos para casa com uma promessa verbal de que quando a obra estiver concluída, entre 18 meses e dois anos, nos chamariam de novo para vir trabalhar. Ficamos na expetativa. Como o ditado diz, ‘palavras, leva-as o vento’, mas vamos esperar que estas o vento não leve", disse na terça-feira Sérgio Gonçalves.
Os trabalhadores da Cofaco na unidade de Rabo de Peixe (concelho da Ribeira Grande, na ilha de São Miguel) admitem fazer greve em solidariedade para com os colegas.
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