Os dados indicam que em relação à infeção por VIH, Portugal tem vindo a conseguir alcançar bons resultados, mas “ainda assim, os números de novas infeções em Portugal mantêm-se mais elevados comparativamente àquilo que é a média da União Europeia”.
“Mas quando nós definimos, por exemplo, os casos e os novos casos de sífilis aí o número tem sido crescente, ou seja, há mais casos do que há alguns anos e não parece estar relacionado com alterações de notificação”, disse a infeciologista, que falava à agência Lusa a propósito do Dia Internacional do Preservativo, que se assinala hoje.
Isabel Aldir recordou que esta doença teve uma “expressão importante” no século passado, mas que foi diminuindo e agora voltou a crescer, sendo por isso premente “alertar as consciências para a utilização do preservativo”.
Além de ser um método contracetivo, “contribui em muito na luta contra estas infeções sexualmente transmissíveis”, afirmou a diretora do programa da Direção-Geral da Saúde.
“É bom que tenhamos consciência de que essas infeções são, muitas vezes, assintomáticas e, portanto, a pessoa não sabe que está infetada com uma delas e transmite-a”, criando-se “condições para que estas cadeias de transmissão se mantenham e sejam muito eficazes”, avisou.
Entre as IST estão doenças como o VIH, a hepatite B, que têm tratamento, mas não tem uma cura, a hepatite C, que tem “um tratamento altamente eficaz, embora haja casos que não se conseguem tratar”.
Estão também a gonorreia, que pode causar problemas de fertilidade nas mulheres, e a sífilis, que “é de difícil diagnóstico” e “pode passar despercebida”, apesar de ser detetável em análises ao sangue. Contudo, “pode evoluir ao longo dos anos e, inclusivamente, fazer atingimentos do cérebro, do coração, do sistema nervoso, dos olhos e pode ser transmitida” de mãe para filho e dar origem a casos de sífilis congénita.
Para dar expressão ao uso do preservativo, a data comemora-se nas vésperas do Dia dos Namorados (14 de fevereiro), para alertar as pessoas para usarem este método para que “vivam de uma forma saudável sua vida sexual”.
A DGS vai assinalar a data com uma campanha, através da divulgação em redes sociais, ‘sites’ e distribuição gratuita de preservativos, que visa alertar para “a mais valia de um método tão ancestral como este, mas tão atual ainda hoje”, adiantou.
Esta iniciativa é feita em articulação com as 10 cidades signatárias da Declaração de Paris que se comprometeram a acelerar, até 2030, a sua resposta local à infeção por VIH e por vírus da hepatite, com vista a eliminar estas infeções enquanto problemas de saúde pública.
Em 2020, foram distribuídos cerca de três milhões de preservativos e 800 mil embalagens de gel lubrificante, através de organizações não-governamentais, estabelecimentos de ensino, centros de saúde, hospitais, prisões, etc.
Apesar de ter havido uma redução nos meios distribuídos em ano de pandemia, que “teve consequências na resposta dos serviços e estruturas” que asseguram a sua distribuição, a DGS defende que é preciso “continuar a apostar no acesso gratuito e facilitado” a estes métodos mesmo em contexto de pandemia.
“Para isso, é imperioso repensar novas formas de abordagens” para que cheguem às populações que deles necessitam, cumprindo as medidas de segurança e proteção à covid-19.
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