O plano, hoje apresentado pela ministra da Saúde, Marta Temido, e pela diretora-geral da Saúde, Graça Freitas, prevê um investimento de 15 milhões de euros em vacinas contra a gripe e 6,9 milhões de vacinas disponíveis para a vacinação contra a covid-19.
Esta estratégia baseia-se nos pressupostos de que as variantes vão manter um perfil semelhante às que estão em circulação, que a efetividade vacinal contra a doença grave e morte se mantém semelhante à atual e que o plano será desenvolvido “com as vacinas disponíveis” na altura, adiantou Graça Freitas.
De acordo com a diretora-geral da Saúde, este plano, que pode ser adaptado a novos pressupostos, prevê duas campanhas de “reforços sazonais” no outono/inverno, através da coadministração das vacinas contra a covid-19 e a gripe, utilizando sempre que possível os mesmos grupos elegíveis e com um intervalo mínimo para a vacina da covid-19 de três meses.
Em relação às pessoas mais vulneráveis, a vacina da gripe será tetravalente reforçada, uma vacina “especial que será usada pela primeira vez em Portugal” apenas para os residentes em lares, adiantou.
Segundo Graça Freitas, os principais grupos elegíveis são os residentes em lares e na rede de cuidados continuados integrados, as pessoas com mais de 65 anos, os maiores de 18 anos que tenham doenças crónicas como insuficiência cardíaca, doença pulmonar grave, doença neuromuscular grave e insuficiência renal e os profissionais de saúde e dos lares de idosos.
“Para a gripe, as grávidas já estão contempladas e as crianças com patologia crónica. Neste momento, a ciência está a dar-nos pistas e a comissão técnica de vacinação está a estudar a possibilidade de também para a covid-19 poderem ser vacinadas as crianças e as grávidas, mas é apenas uma possibilidade”, referiu Graça Freitas.
De acordo com o plano hoje apresentado, estas campanhas iniciam-se em 5 de setembro em simultâneo e, na lógica da proteção dos mais vulneráveis, arrancarão com a vacinação pelos lares, rede de cuidados continuados e pessoas com 80 ou mais anos.
Nas segunda e terceira semanas de setembro, começarão a ser vacinadas as pessoas com 70 ou mais anos e, cerca de um mês depois, as pessoas com mais de 65 anos, avançou Graça Freitas, que espera ter todas as pessoas elegíveis vacinadas em dezembro.
Covid-19: Lógica de vacinação dos mais idosos passa a ser sazonal
A lógica de vacinação dos mais idosos e vulneráveis contra a covid-19 passa a ser sazonal, independentemente do historial de vacinas e reforços anteriores, adiantou hoje a diretora-geral da Saúde, Graça Freitas.
“Quando vacinamos contra a gripe não fazemos já ideia se estamos já a dar a 5.º, a 6.ª ou a 7.ª dose. Sabemos que se aproxima a estação de maior risco em termos de circulação de vírus e de descompensação de doença crónica e por isso fazemos reforços sazonais e é isso que vai acontecer já este outono-inverno”, disse.
De acordo com a diretora-geral da Saúde, a campanha de vacinação que arranca em setembro terá uma capacidade instalada de 300 mil doses por semana, “o que é suficiente” para cumprir o cronograma que arranca a 05 de setembro com vacinação em lares, rede de cuidados continuados e pessoas com 80 ou mais anos.
Sobre os lares, adiantou que já foram vacinados todos os elegíveis até ao momento, ou seja, onde não existiam surtos ativos, o que representa 75% do total.
Entre a população com 80 ou mais anos há 40% de vacinados com a segunda dose de reforço, disse.
Ainda sobre a próxima campanha, Graça Freitas admitiu que vai implicar “obviamente um rearranjo dos centros de vacinação”, seja os centros de saúde ou outras instalações.
Ainda que na próxima campanha de vacinação a vacina contra a gripe e a vacina contra a covid-19 sejam administradas em simultâneo, a ministra da Saúde, Marta Temido, disse que não está previsto que isso possa acontecer nas farmácias comunitárias, ainda que os aspetos de logística ainda estejam a ser trabalhados, acrescentou.
Já sobre as vacinas contra a covid-19 adaptadas às novas variantes, o presidente do Infarmed, Rui Santos Ivo, explicou que os contratos celebrados a nível europeu já preveem que Portugal possa receber vacinas adaptadas quando estas estiverem disponíveis, acrescentando que foram feitos ajustamentos aos contratos para “diferir algumas entregas para a parte final do ano”.
Graça Freitas adiantou também que pela primeira vez será administrada em Portugal uma vacina reforçada contra a gripe, tetravalente, da qual foram adquiridas 120 mil doses, destinadas aos “mais vulneráveis dos mais vulneráveis”, que são os residentes em lares.
Paralelamente foram adquiridos cerca de dois milhões de doses de vacina da gripe não reforçada, uma compra “adaptada às previsões de necessidades” de vacinação, explicou a diretora-geral da Saúde.
Sobre os números elevados da mortalidade entre os mais idosos, Graça Freitas explicou que a taxa de letalidade não é grande, mas apenas proporcional ao número de casos de infeção atual, bastante elevado devido à predominância da subvariante da Ómicron, mais transmissível e que escapa ao sistema imunitário em termos de infeção, mas não na proteção contra doença grave e morte.
Os números elevados de mortes entre os mais idosos explicam-se pela “sua debilidade” de saúde, acrescentou.
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