5 de junho, 22h00
Em Londres, o general Dwight Eisenhower, comandante-chefe das forças aliadas, assiste sério ao desembarque dos paraquedistas, com os rostos pintados de preto. A Rádio Londres, 45 minutos antes, alertou a resistência francesa para o início da operação com a difusão do verso de um poema de Paul Verlaine: "Os soluços graves/dos violinos suaves/do outono/ferem a minh'alma/num langor de calma/e sono".
6 de junho, 00h05
A lua estava quase cheia quando 5.000 toneladas de bombas foram lançadas pelos aviões aliados sobre as baterias alemãs ao longo da costa.
00h15
Mil aeronaves aterram com homens e material. Alguns ficam presos nas estacas que o marechal alemão Erwin Rommel colocou nas praias ou afundou nos pântanos. Apesar disso, os aliados conseguiram chegar à pequena comuna de Bénouville e tomar o controlo de uma ponte estratégica, "Pegasus bridge", próxima do café Gondrée, muitas vezes citado como a primeira casa libertada em França.
De 00h50 às 2h30
Milhares de paraquedistas ingleses e americanos tomam a costa da Normandia. Em Sainte-Mère-Église, um deles passa a noite pendurado no campanário da igreja. Em menos de seis horas, cerca de 23.000 homens conseguiram manter as linhas de comunicação com as praias do desembarque.
01h15
As unidades alemãs foram alertadas, mas o marechal Rommel, que voltou à Alemanha para o aniversário da sua mulher, dormia. Não foi avisado até as 10h00 da manhã.
02h30
Os paraquedistas ingleses tomam Ranville, ao norte de Caen.
05h00
Adolf Hitler dormia e o seu entorno considerou inútil acordá-lo. Os alemães, que esperavam os aliados muito mais a norte, em Calais, não acreditavam num desembarque grande na Normandia.
05h58
Amanheceu e a maré estava baixa: o plano previa que os americanos desembarcassem de 5.000 barcos nas praias da costa de Nacre, rebatizadas de Utah e Omaha. As tropas inglesas e canadianas desembarcariam no leste, nas praias de Gold, Juno e Sword.
06h45
Em Omaha Beach, dominada por penhascos, o desembarque transformou-se num pesadelo. O mar estava muito agitado, a água gelada, e os tanques, barcos e soldados equipados afundaram. Outros morreram debaixo dos disparos dos alemães. Mais de 34.000 americanos desembarcaram: 2.500 morreram ou ficaram feridos.
07h30
53.000 soldados britânicos desembarcaram em Gold e Sword. Houve mil mortos e feridos.
07h45
Em Utah, desembarcaram 23.250 homens, dos quais 200 morreram ou ficaram feridos.
08h00
Em Juno, os canadianos perderam 878 homens de 21.400.
09h30
Eisenhower anunciou, aliviado, "o desembarque dos exércitos aliados na costa norte da França". Também havia preparado um comunicado com o anúncio da retirada das tropas caso a operação fracassasse.
10h00
Hitler foi acordado por pessoas próximas.
12h00
Em Londres, Winston Churchill anunciou o desembarque no Parlamento.
18h00
"A batalha suprema está em marcha!", declarou em Londres o general Charles de Gaulle.
Meia-noite
Em apenas um dia, desembarcaram 156.000 soldados aliados, dos quais 11.000 morreram, ficaram feridos ou desapareceram. Milhares de civis foram vítimas dos bombardeios.
Consumado o desembarque — ou a "OperaçãoOverlord" (nome de código do desembarque) — as forças aliadas ficaram com caminho aberto até ao coração da Europa, criando uma segunda frente de combate, com o objetivo de acelerar o fim do conflito.
"Está a começar a grande batalha da Europa", podia ler-se à data no jornal português Diário de Notícias.
A Segunda Guerra Mundial começou em 1939 e prolongou-se até 1945. Depois do Dia D, Paris foi libertada no fim de agosto de 1944 e um segundo desembarque das forças aliadas, a 15 agosto, libertou Toulon e Marselha, duas importantes bases navais.
Na frente oriental, o Exército Vermelho preparava a sua última grande ofensiva, concretizada a partir de 12 de janeiro de 1945, quando tomou Varsóvia, Cracóvia, Lodz e, em fevereiro, Budapeste e Poznan.
A partir de fevereiro de 1945, a guerra chegava ao interior das fronteiras da Alemanha e a e 8 de maio de 1945 assinala-se o Dia da Vitória na Europa.
Estima-se que a Segunda Guerra Mundial tenha feito cerca de sessenta milhões de mortos, metade dos quais civis.
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