Constituído por um sensor redondo instalado na parte posterior do braço, que tem uma duração de 14 dias, este instrumento mede em permanência os níveis de glicose intersticial, o líquido que fica entre as células do corpo e que se encontra nas camadas superficiais da pele.
O presidente da Sociedade de Diabetologia, José Luís Medina, considera que este medidor é “a última revolução” no controlo da diabetes, contribuindo para “melhorar significativamente a vida dos doentes”.
Este novo medidor de glicose está indicado para todos os diabéticos, mesmo para crianças a partir dos 4 anos, mas são os doentes com diabetes tipo 1 e com diabetes tipo 2 menos controlada e que fazem insulina quem mais pode beneficiar, reconhece José Luís Medina em declarações à agência Lusa.
O kit inicial do aparelho Freestyle Libre custa 169,90 euros e vem com um leitor e dois sensores, dando para cerca de um mês de utilização, já que os sensores têm duração de até 14 dias. Cada sensor custa depois 59,90 euros. Assim, em média, o custo mensal para utilizar este novo medidor ronda os 120 euros, como reconheceu Paulo Sousa, responsável do laboratório que comercializa o dispositivo.
Paulo Sousa defende que a diferença de preço para a normal tecnologia de tiras que obriga a picadas nos dedos não é muito significativa, se não se contar com a comparticipação estatal.
Um doente do tipo 1 controla os seus níveis uma média de seis vezes ao dia, consumindo assim uma média de 3,6 caixas de tiras por mês. Cada embalagem de tiras custa menos de 20 euros, o que perfaz um custo mensal de cerca de 80 euros. Contudo, o utente não paga além de sete euros por mês porque o Estado comparticipa em 85% estes produtos para os diabéticos, além de comparticipar a 100 por cento os tradicionais leitores das tiras que medem a glicémia.
O laboratório que comercializa o Freestyle Libre espera que esta tecnologia venha também a ser comparticipada pelo Estado e adianta que já foram feitas diligências junto das autoridades.
O presidente da Sociedade de Diabetologia defende igualmente que o Estado comparticipe esta tecnologia, adiantando que os doentes estão ansiosos por experimentar. “Implica maior liberdade e melhor qualidade de vida”, argumenta o médico endocrinologista. E refere que estudos têm demonstrado que este novo método traz uma redução das baixas de glicose e consegue aumentar a adesão à monitorização ou controlo dos níveis, sobretudo para os doentes que têm de picar muitas vezes os dedos.
É o caso de João Nabais, professor universitário que tem diabetes tipo 1 há 35 anos e faz em média oito picadas diárias para medir a glicose. Está agora a experimentar o novo medidor que é hoje lançado em Portugal e identifica para já a facilidade na sua aplicação e na leitura dos resultados. Em declarações à Lusa, este diabético relata ainda que o medidor é discreto, não se notando a sua utilização, e sublinha como principal vantagem ser um sistema de monitorização contínua que permite ver os perfis de glicémia, percebendo se há tendência ou não de subida.
Em Portugal, cerca de um milhão de pessoas vive com diabetes e mais dois milhões têm risco elevado de a vir a desenvolver.
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