Dois anos depois de a vinha ter sido replantada, realizaram-se agora as primeiras vindimas na quinta, que foi doada à Fundação São José, da Diocese de Viseu.
Na sua página da Internet, a diocese refere que se colheram este ano “as primeiras uvas desta vinha integrada na Região Demarcada do Dão e o enólogo Hugo Chaves está a preparar, com elas, o primeiro vinho de missa com marca própria”.
“Eu gostava muito de apostar nos vinhos de missa. Sendo esta uma propriedade da diocese, faz todo o sentido apostar nessa área”, afirmou o enólogo.
Segundo Hugo Chaves, “existem várias versões” para esse vinho, mas “a burocracia em termos de rótulo é que tem as suas especificidades”.
Um vinho de missa precisa de ser “isento de manipulação laboratorial e ter origem em uvas de boa qualidade”, considerando o enólogo que São Miguel de Outeiro está vocacionado para a produção de bons vinhos brancos, embora a fundação também vá apostar nos vinhos tintos.
O presidente da Fundação São José, Paulo Machado, partilha da mesma ideia da criação do vinho de missa, mas considera que o volume de uvas permite ir mais além.
“Nós pretendemos criar uma marca – Quinta dos Carvalhiços – e passar a entrar no mercado também com essa marca”, explicou, acrescentando que a primeira colheita colocará cerca de mil garrafas no mercado nacional.
Na opinião de Hugo Chaves, esta vinha tem as características necessárias para colocar “um grande vinho” no mercado.
O primeiro vinho com o rótulo Quinta dos Carvalhiços deverá chegar em 2020.
A Quinta dos Carvalhiços está a ser requalificada com o objetivo de apostar na atividade agrícola, sobretudo naquela que se relaciona com a vinha.
No entanto, aproveitando a restante área da quinta, a fundação quer também desenvolver um projeto social, pedagógico e turístico.
Nesse âmbito, pais e alunos do Colégio da Via-Sacra (propriedade da fundação) foram convidados a participar na vindima.
“O objetivo foi fundamentalmente tirar os alunos para fora da sala de aula, permitir-lhes o contacto com a natureza, conhecerem a vinha, conhecerem as uvas, no fundo, saberem como se faz o vinho”, explicou Paulo Machado, que é também diretor pedagógico do colégio.
Nos últimos três anos, cerca de um milhão de euros foram investidos na quinta, no âmbito de um projeto comparticipado pelo programa VITIS, destinado a projetos de reestruturação e reconversão de vinhas.
Futuramente, poderá vir a ser criada uma estrutura de turismo em espaço rural, que permita atividades como acampamentos de escuteiros e campos de férias, entre outras.
“Não nos meteremos em loucuras. Queremos dar um passo de cada vez, aproveitando as oportunidades”, disse Paulo Machado.
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