A lista que contém os nomes dos alegados abusadores no seio da Igreja Católica foi entregue aos bispos em Fátima, a 3 de março, mas só agora se sabe a totalidade dos casos por diocese.

No total, o documento enumera 98 indivíduos, entre sacerdotes e leigos, e há registo de 36 que já morreram. Treze padres e um leigo foram preventivamente afastados das suas funções após a entrega da lista.

Este é o resumo do que foi comunicado pelos bispos portugueses.

Algarve

  • A lista recebida pela Diocese do Algarve tinha “dois nomes de sacerdotes, alegados abusadores”.
  • Um caso já era conhecido da diocese desde 2021 e seguiu para investigação, tanto ao nível da Igreja como do Ministério Público. O processo foi arquivado.
  • Já o segundo nome indicado “não corresponde a nenhum sacerdote incardinado na Diocese do Algarve, nem se encontra nos arquivos diocesanos alguma referência a seu respeito”. Foi solicitada informação à Comissão Independente.

Angra

  • A lista tinha um total de dois nomes: “um sacerdote de São Miguel e outro da ilha Terceira”.
  • A diocese de Angra, após conversa com os sacerdotes, decidiu afastá-los do exercício de funções enquanto estão a ser investigados por alegados casos de abuso sexual de menores. A participação seguiu também para o Ministério Público.
  • Depois da apresentação do relatório pela Comissão Independente, “e após três anos de atividade sem qualquer denúncia”, a diocese “já recebeu uma nova denúncia, que envolve um sacerdote de São Miguel já falecido”.

Aveiro

  • A Comissão Independente entregou ao Bispo de Aveiro “uma lista com o nome de três sacerdotes que haviam sido denunciados por abuso de menores”.
  • Dois dos nomes dizem respeito a sacerdotes que já faleceram.
  • O outro refere-se a um sacerdote “contra o qual já decorreu o respetivo processo que foi investigado pelo Ministério Público, tendo terminado com um Despacho de Arquivamento”.

Beja

  • A Diocese de Beja afirma que cinco nomes fazem parte da lista de alegados abusadores sexuais enviada pela Comissão Independente.
  • Em causa estão quatro sacerdotes e um leigo que já faleceram.

Braga

  • A arquidiocese de Braga informou ter recebido da Comissão Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais de Crianças na Igreja uma lista de oito alegados abusadores.
  • Três dos nomes correspondem a padres já falecidos.
  • Um nome não corresponde a nenhum padre da arquidiocese de Braga, “nem se encontra nos arquivos da arquidiocese qualquer referência a seu respeito”, tendo sido já “pedida mais informação à Comissão Independente”.
  • Outro nome respeita “a um sacerdote que foi alvo de um processo civil, tendo sido absolvido”.
  • Há ainda o nome de um padre “que foi alvo de um processo canónico por abuso sexual de menores já concluído e que resultou na aplicação de medidas disciplinares em vigor”.
  • O sétimo nome corresponde “a um agente pastoral, que por falta de elementos de identificação não foi ainda possível identificar, estando em curso diligências nesse sentido”.
  • Por fim, consta ainda o nome de um padre que, depois de “diálogo” com o arcebispo D. José Cordeiro, “foi afastado preventivamente do exercício público do ministério sacerdotal”.

Bragança-Miranda

  • A diocese de Bragança-Miranda recebeu uma lista com três nomes.
  • Um dos sacerdotes referidos já morreu, outro já foi condenado pelo direito canónico e um terceiro está fora da diocese.

Coimbra

  • A Diocese de Coimbra recebeu da Comissão Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais de Crianças na Igreja Católica em Portugal, uma lista com sete nomes de sacerdotes.
  • Entre os nomes referidos constam "cinco sacerdotes falecidos”.
  • Há ainda "um sacerdote que foi sujeito a investigação pelo Ministério Público e também a investigação prévia canónica, tendo nas duas instâncias seguido para arquivamento”.
  • Por fim, a lista indica ”um sacerdote no ativo”. Depois de pedidas informações à Comissão, concluiu-se que “não foi praticada nenhuma forma de abuso sexual de menor”, pelo que “não lhe foram impostas medidas cautelares, embora esteja em curso a investigação prévia canónica”.

Évora

  • O arcebispo de Évora recebeu da Comissão Independente dois nomes de sacerdotes diocesanos por alegados abusos.
  • A arquidiocese de Évora afastou cautelarmente um padre de funções e abriu uma investigação a uma denúncia de alegados abusos de menores pelo sacerdote, na década de 1980, no Seminário Menor de São José, situado em Vila Viçosa.
  • O outro nome diz respeito a um sacerdote que “morreu há alguns anos”, pelo que “o processo considera-se extinto”.

Forças Armadas e de Segurança

  • D. Rui Valério, bispo das Forças Armadas e de Segurança, refere que "não foi entregue nenhuma lista, nem nenhum nome, nem na sexta-feira, dia 3 de março, nem em nenhuma outra ocasião".
  • "Não chegou ao meu conhecimento, nem ao conhecimento da Comissão Diocesana, nem tão pouco junto dos Organismos das Forças Armadas, ou das Forças de Segurança, qualquer denúncia de abuso relativa a qualquer Capelão, ou a qualquer Leigo, no âmbito das atividades do Ordinariato Castrense", frisou.

Funchal

  • O bispo do Funchal, D. Nuno Brás, recebeu quatro nomes resultantes das denúncias de vítimas de abusos sexuais.
  • Nenhum daqueles nomes exerce atualmente qualquer ofício eclesiástico na diocese.
  • Um dos nomes “é mesmo desconhecido”.

Associações de apoio especializado à vítima de violência sexual:

Quebrar o Silêncio (apoio para homens e rapazes vítimas de abusos sexuais)
910 846 589
apoio@quebrarosilencio.pt

Associação de Mulheres Contra a Violência - AMCV
213 802 165
ca@amcv.org.pt

Emancipação, Igualdade e Recuperação - EIR UMAR
914 736 078
eir.centro@gmail.com

Guarda

  • No total, a lista tinha dois nomes.
  • A diocese da Guarda anunciou o afastamento cautelar de um padre por suspeitas de abuso sexual de menores, dando início a uma investigação.
  • O outro dos acusados morreu em 1980, sendo assim "de todo impossível fazer ainda mais sérias e justas diligências de investigação".

Lamego

  • A Diocese de Lamego recebeu uma lista com dois nomes de alegados abusadores.
  • Foram pedidas mais informações e o Ministério Público vai ser informado.

Leiria-Fátima

  • A Diocese de Leiria-Fátima recebeu da Comissão Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais na Igreja uma lista de cinco nomes.
  • Dos nomes referido, três dizem respeito a padres "já falecidos”.
  • Os restantes dois são leigos, "um dos quais, por precaução, foi entretanto dispensado das funções que exercia" e "outro, cuja identificação ainda não está cabalmente determinada, podendo tratar-se de uma pessoa já falecida".

Lisboa

  • O Patriarcado de Lisboa recebeu uma lista de 24 nomes, enviada pela Comissão Independente.
  • Foram identificados cinco padres no ativo suspeitos de abuso sexual. Primeiro não foram afastados, mas posteriormente o Patriarcado informou que quatro sacerdotes tinham sido afastados preventivamente. O quinto elemento "já tinha sido sujeito a medidas cautelares".
  • Há ainda registo de oito sacerdotes já falecidos, dois sacerdotes doentes e retirados e três sacerdotes sem qualquer nomeação.
  • Quatro são nomes desconhecidos e um dos nomes refere-se a um leigo e outro a um sacerdote que abandonou o sacerdócio.

Portalegre-Castelo Branco

  • O bispo da Diocese de Portalegre-Castelo Branco revelou que há registo de dois casos de alegados abusos sexuais naquele território, entre 1958 e 1981, mas os dois padres suspeitos já faleceram.

Porto

  • A Diocese do Porto recebeu da Comissão Independente "uma lista de alegados abusadores que continha 12 nomes".
  • Quatro dos sacerdotes indicados já faleceram e um já não pertence à diocese.
  • A diocese acrescenta ainda que "imediatamente foi iniciada a investigação prévia a respeito dos sete clérigos vivos”. Posteriormente, foi referido que três sacerdores foram afastados preventivamente.
  • Todavia, "o bispo diocesano já entregou ao Ministério Público a lista recebida da Comissão Independente".

Santarém

  • O bispo de Santarém, D. José Traquina, refere que “não lhe foi entregue nenhum envelope com nomes de padres a investigar por denúncia de abusos".
  • Frisando que "a área geográfica da Diocese de Santarém corresponde apenas a 13 municípios dos 21 que constituem o distrito de Santarém" e que a diocese "foi criada em 1975 (há 48 anos) e o Relatório é referente ao período desde 1950 (há 72 anos)", é explicado que "houve casos referidos a Santarém no Relatório da CI que não se enquadravam na geografia e/ou no tempo histórico da Diocese, conforme comprovou o investigador".

Setúbal

  • A Diocese de Setúbal recebeu a lista com um total de cinco nomes.
  • Um dos nomes sinalizados pela Comissão refere-se a um padre que já tinha sido alvo de um processo, afastado e que entretanto retomou o exercício.
  • Outro dos nomes diz respeito a um padre “sob jurisdição de diferente autoridade eclesiástica” e que, enquanto esteve sob jurisdição do bispo de Setúbal, “nada consta sobre denúncia de abuso de menores”.
  • Um terceiro padre foi objeto de dois processos canónicos, que não se referem a abuso de menores, e está atualmente afastado do exercício público do ministério.
  • Em relação aos dois últimos nomes de padres sinalizados pela comissão, a diocese de Setúbal refere que não existem nos arquivos diocesanos “informações que permitam averiguar as denúncias que levaram a incluir estes sacerdotes na lista de alegados abusadores”.

Viana do Castelo

  • A Diocese de Viana do Castelo recebeu uma lista com dois nomes.
  • Um dos nomes diz respeito a "uma pessoa que já morreu há bastante tempo" e o outro a um padre que "não está no ativo, dadas as suas condições de fragilidade pessoal".

Vila Real

  • A Diocese de Vila Real recebeu uma lista com três nomes de padres suspeitos de abusos de menores.
  • Um caso vai ser comunicado ao Ministério Público — embora pertença a outra diocese — e os outros dois já foram dispensados do sacerdócio.

Viseu

  • O bispo de Viseu, D. António Luciano Costa, já tinha conhecimento dos nomes dos cinco sacerdotes da diocese indicados pela Comissão Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais na Igreja Católica.
  • Os casos “já tinham sido tratados segundo as normas aplicáveis, quer a nível canónico, quer a nível civil, tendo também sido entregues ao Ministério Público”.

(Notícia atualizada às 15h41 de 23 de março com os restantes sacerdotes afastados pelas dioceses)