“Eu acho que na escola pública é um caso isolado, mas é um caso que nos preocupa. Há uma semana, aqui ao lado, no Porto, tivemos uma situação com adultos, muito idêntica a esta. Isto preocupa, é um alerta, temos de estar atentos”, afirmou o presidente da ANDAEP, Filinto Lima, comentando a alegada agressão a uma criança nepalesa numa escola pública da região de Lisboa.
A Rádio Renascença noticiou hoje um caso de um menino de 9 anos que foi atacado por um grupo de colegas, com insultos xenófobos e anti-imigrantes, uma agressão que foi filmada e partilhada em grupos nas redes sociais dos alunos.
O violento ataque levou a família a requerer a transferência da criança do estabelecimento escolar.
Defendendo uma investigação celebre ao sucedido, Filinto Lima considerou que a comunidade escolar no seu todo – setor público e particular – deve denunciar às autoridades competentes casos como o que hoje foi conhecido, reportando à Comissão de Proteção de Crianças e Jovens ou, em situações de maior gravidade, ao Ministério Público.
O presidente da ANDAEP, que disse desconhecer o caso em concreto, defendeu que a escola deve estar atenta e usar as ferramentas à sua disposição – psicólogos, assistentes sociais, mediadores de conflitos entre outros – para travar o possível crescimento de fenómenos de racismo e xenofobia.
“É isso que pedimos às escolas. Que continuem a fazer esse trabalho. Não podemos é generalizar o que se passou em Lisboa, e que hoje tivemos conhecimento, ao resto das escolas públicas portugueses que são mais de cinco mil”, reiterou.
Filinto Lima considerou que a existência de casos de racismo e xenofobia ainda não são uma realidade nas escolas portuguesas, sublinhando que são fatores como a segurança e qualidade da educação que elevam os imigrantes a escolher Portugal.
“Casos deste género, que roçam o racismo e a xenofobia, nós não temos. Agora, com certeza que onde há muitos alunos acontecem episódios de difamação, de agressão. Acontecia isso no meu tempo e eu sou do século passado. Agora temos é de combater todos esses casos, incluindo estes casos que me parecem estar relacionados com racismo e xenofobia que são duas situações que nós não admitimos no nosso país”, defendeu.
A maior associação de nepaleses em Portugal denunciou hoje o aumento do ‘bullying’ nas escolas contra os filhos de imigrantes, por parte de outras crianças, o que também reflete um aumento do sentimento anti-imigração.
“Sabemos de alguns casos, porque os nossos filhos têm problemas de integração”, principalmente os casos de imigrantes do sudeste asiático, afirmou Kamal Bhattarai, presidente da associação Niapal.
“Isto preocupa-nos” e “estamos a visitar escolas várias vezes, falamos com professores e pais e recebemos muitas informações preocupantes”, explicou o dirigente, em declarações à Lusa.
Para Kamal Bhattarai, há vários problemas na integração dos filhos de imigrantes do sudeste asiático, em particular os nepaleses, que constituem já 50 mil em Portugal.
“Eles estão muito isolados, não falam português, muitos nem falam inglês”, explicou.
Kamal Bhattarai considerou que o aumento de incidentes mostra que o “discurso anti-imigração [em Portugal] está a fazer um caminho” e a conquistar apoio dentro da sociedade portuguesa.
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