Assunção Cristas, presidente do CDS, demitiu-se hoje depois da derrota do partido nas eleições legislativas e anunciou que não será candidata ao próximo congresso, previsto para março de 2020, e que vai ser antecipado.

“Em estado de choque num dos dias mais tristes da minha vida política no CDS mas consciente das responsabilidades que um resultado destes tem para todos nós no CDS. Sempre CDS. Nos bons e nos maus momentos”, escreveu Lobo d’Ávila na sua conta do Facebook.

Lobo d’Ávila, ex-deputado e membro do conselho nacional do CDS, só deverá fazer novas declarações nos próximos dias, disseram à Lusa fontes partidárias.

Nuno Melo não faz "especulações a propósito dessa sucessão" após mau resultado 

“Obviamente que o resultado é mau, não há como dizer que este resultado é bom”, disse Nuno Melo, na RTP, considerando que a reação da presidente do partido é “expectável e lúcida tendo em conta as projeções”.

O eurodeputado do CDS-PP afirmou que compreende a atitude da presidente do partido, sublinhando que, até ao congresso, “vai ser um tempo de reflexão profunda em relação ao que sucedeu e ao que deve ser os objetivos programáticos no futuro”.

Questionado se irá candidatar-se à liderança do partido, Nuno Melo referiu que não faz “especulações a propósito dessa sucessão”.

“Não é seguramente o momento para conjeturar, falar e dizer o que seja a propósito de sucessores. É até um desrespeito em relação a todos aqueles que se candidataram a deputados”, frisou, afirmando que, com este resultado, “há muitos e bons deputados do CDS que têm prestado relevantes serviços ao país na Assembleia da República que poderão não ser eleitos”

Nuno Melo justificou ainda o resultado com a dispersão de votos à direita e a bipolarização nítida entre o PSD e o PS.

Mota Pinto defende continuidade de Rio e ‘culpa’ CDS pela não repetição de resultados de 2015

O presidente do Conselho Nacional do PSD, Paulo Mota Pinto, defendeu hoje que Rui Rio tem “manifestamente” condições para se manter na liderança, e considerou que resultados de 2015 “não se repetiram sobretudo por culpa do CDS”.

Em declarações aos jornalistas, no hotel de Lisboa onde o PSD acompanha a noite eleitoral, Mota Pinto, apoiante de Rui Rio desde a primeira hora, considerou que o partido se pode sentir “reconfortado” com os resultados apontados pelas projeções, apesar da derrota.

“O PSD, nas últimas semanas, recuperou a sua posição de partido de alternativa. O PSD está reconfortado com a votação que é possível ver até agora”, afirmou, apontando que no início da campanha as sondagens atribuíam menos 8 pontos ao PSD.

Questionado se Rui Rio tem condições para continuar, Mota Pinto respondeu afirmativamente.

“Claro que sim, a pergunta neste momento nem sequer faz muito sentido (…) Manifestamente sim, mas claro que ainda é cedo para uma leitura final, temos de ouvir o que o dr. Rui Rio terá a dizer”, afirmou.

Paulo Mota Pinto considerou que, “tendo em conta as expectativas”, o PSD poderá ter “uma muito boa votação”, até comparando com os resultados mais negativos do CDS-PP.

O presidente do Conselho Nacional do PSD escusou-se a comentar o anúncio da saída de Assunção Cristas do CDS-PP, dizendo ser uma “matéria interna”, mas acabou por deixar um ‘recado’ ao anterior parceiro de coligação.

“O CDS teve realmente uma prestação mais fraca, quase que diria que os resultados que existiram em 2015 não se repetirão sobretudo por culpa do CDS”, apontou.

Mota Pinto escusou-se a apontar uma data para a marcação do Conselho Nacional do PSD, embora admitindo que “é normal” que este órgão se reúna em breve para analisar os resultados eleitorais.