Estes são os momentos-chave do caso:

2017: Explode o escândalo

Em outubro de 2017, o jornal The New York Times publica uma enorme investigação que detalha várias acusações de assédio sexual e agressão contra Weinstein ao longo de três décadas. As atrizes Ashley Judd e Rose McGowan são as denunciantes mais conhecidas.

O jornal revelou que Weinstein chegou a acordos financeiros com pelo menos oito mulheres para que guardassem silêncio sobre os abusos. A administração da produtora de cinema Weinstein Company, controlada pelo magnata com o seu irmão Bob, vê-se forçada a despedi-lo dias depois.

A atriz e diretora de cinema italiana Asia Argento conta, pouco depois, à revista The New Yorker que Weinstein a violou em 1997. Outras duas mulheres também o acusam de agressão sexual. As atrizes Gwyneth Paltrow, Angelina Jolie e Rosanna Arquette unem-se à lista de mulheres que denunciam Weinstein por assédio.

A direção da Motion Picture Academy of Arts and Sciences, a instituição que concede o Oscar, vota para expulsar Weinstein, cujos filmes ganharam mais de 80 estatuetas.

Na medida em que as semanas vão passando, mais e mais mulheres sentem-se motivadas a contar em público que foram abusadas por Weinstein, tanto nas redes sociais quanto diante das câmeras de televisão.

2018: Weinstein é indiciado

A Procuradoria de Manhattan acusa Weinstein de violação em primeiro e terceiro grau da ex-atriz Jessica Mann (ainda não identificada) em 2013.

Weinstein comparece perante um juiz num tribunal de Manhattan, depois de se entregar à polícia, seguido por um enxame de jornalistas e fotógrafos. O seu advogado à época, Ben Brafman, negocia uma fiança de um milhão de dólares.

A Procuradoria acrescenta depois novas acusações por um ato sexual "forçado" em julho de 2006 contra outra mulher, a assistente de produção Mimi Haleyi.

2019: Novo depoimento

Os procuradores apresentam uma nova acusação que permitirá à atriz de "Os Sopranos", Annabella Sciorra, participar no julgamento como testemunha.

Sciorra afirma que Weinstein a violou no inverno de 1993-94. O crime já tinha prescrito, mas os procuradores esperam que o seu relato ajude a convencer os jurados de que Weinstein é um predador sexual.

Weinstein alcança um acordo de 25 milhões de dólares com mais de 30 atrizes que o acusam de assédio e abusos sexuais, num processo coletivo na justiça civil não vinculado ao seu julgamento penal. Com esse acordo, Weinstein não tem de admitir nenhuma culpabilidade.

2020: Culpado

Um júri de Nova York declara Weinstein culpado de duas acusações que ainda não estavam prescritas: agressão sexual em primeiro grau contra Mimi Haleyi, em 2006, e violação em terceiro grau contra Jessica Mann, em 2013.

O veredito é alcançado depois de quase um mês de julgamento no qual essas duas mulheres e outras quatro testemunhas contaram, com riqueza de detalhes, como foram humilhadas, atacadas e violadas por Weinstein.

O movimento #TimesUp prevê o que seria "uma nova era de justiça" para as sobreviventes de agressão sexual, enquanto o procurador de Manhattan, Cyrus Vance, assegura que "um novo dia" alvorecia para o sistema judicial americano.

Em 11 de março, Weinstein foi sentenciado a 23 anos de prisão pelo juiz James Burke, quase o máximo previsto (29 anos).

2022: Julgamento em Los Angeles

O múltiplo vencedor dos Oscares é declarado culpado em dezembro de 2022 por um júri de Los Angeles de três acusações por atacar uma mulher num quarto de hotel de Beverly Hills uma década antes, incluindo violação.

Num julgamento que durou semanas, os procuradores pintam o retrato de um ogre predador, que durante anos exerceu um "reinado de terror", utilizando o seu tamanho físico e a sua habilidade profissional para violar e abusar mulheres em Hollywood.

Segundo os procuradores, as suas vítimas estavam aterrorizadas e temiam pelas suas carreiras se denunciassem um homem que dominava a indústria.

Weinstein é absolvido de outra acusação e o julgamento de outras três é declarado nulo. O ex-produtor promete recorrer dos vereditos de culpabilidade.

A sua vítima no caso diz que espera que Weinstein "nunca veja o lado de fora de uma cela de prisão na sua vida".

Dois meses depois, o magnata do cinema é condenado a 16 anos de prisão, que um juiz determina o cumprimento após a sua condenação em Nova Iorque.

2024: Anulação da condenação em Nova Iorque

Numa reviravolta surpreendente, o mais alto tribunal do estado de Nova Iorque anula a condenação de Weinstein por crimes sexuais em 2020, numa decisão de 4 votos contra 3 em 25 de abril.

O Tribunal de Recurso menciona erros na forma em que foi conduzido o julgamento, incluída a admissão do testemunho de mulheres que não faziam parte das acusações que lhe foram imputadas.

"Ordem revogada e novo julgamento", diz a decisão, que acrescenta que "as alegações de maus atos anteriores não podem ser admitidas contra [os acusados] com o único propósito de estabelecer a sua propensão à criminalidade".

Um grupo de vítimas classificou a anulação da condenação do ex-produtor de cinema de "profundamente injusta" e anunciou que seguirá "a lutar por justiça para as sobreviventes de todo o mundo".

Os próximos passos para Weinstein, atualmente detido no centro penitenciário de Mohawk, em Rome (Nova Iorque), ainda não estão claros.