Em declarações à agência Lusa, o realizador finlandês do “Burnt Land” (“Terra Queimada”, em português) esclareceu que a produção “é sobre humanos e alterações climáticas”, não é sobre política.
“É sobre pessoas. O foco é nas pessoas, nos portugueses e nos finlandeses que combatem as alterações climáticas em circunstâncias excecionais”, adiantou John Webster.
O documentário deverá estrear em 2025 e conta com o apoio e os direitos de transmissão da emissora pública da Finlândia YLE.
De acordo com o realizador de 56 anos, a ideia para a realização do documentário nasceu após ter lido um artigo num jornal há um ano sobre uma missão de bombeiros finlandeses na Grécia, no âmbito do Mecanismo de Proteção Civil da União Europeia (RescEU).
Este mecanismo tem como objetivo ajudar os países da UE e os países terceiros a dar resposta a emergências, como catástrofes naturais, crises sanitárias ou conflitos.
“Setenta e cinco por cento da Finlândia está coberta por floresta, mas até agora o maior incêndio que registámos consumiu pouco mais de 200 hectares. A razão pela qual estão a formar esta unidade especial [finlandesa] é que, com as alterações climáticas, esperamos ter grandes fogos florestais no futuro”, observou.
As filmagens estão a decorrer há duas semanas na base da Sobreira Formosa, no distrito de Castelo Branco, seguindo depois para Trancoso, na Guarda.
“Temos tido uma receção calorosa e os bombeiros portugueses têm sido extremamente prestáveis e determinados. Ao conversar com operacionais comuns, com os bombeiros que trabalham há 10 ou 20 anos, acho que os efeitos das mudanças climáticas são visíveis”, salientou.
À Lusa, John Webster recordou que as “ondas de calor são mais frequentes e duradouras” e que “a intensidade dos incêndios é diferente do que era há 10 ou 20 anos”, explicando que, “em parte, se deve à monocultura de algumas espécies de árvores”.
Trabalhando “em estreita colaboração” com a produtora portuguesa West Coast Films, o realizador finlandês indicou que a equipa de produção é composta por cinco elementos.
“[A equipa] é muito semelhante com o que se passa com os bombeiros. É uma cooperação portuguesa-finlandesa”, afirmou, anotando que as filmagens preliminares estão “a pouco mais da metade do caminho”, faltando cerca de 10 dias para ficarem concluídas.
John Webster recordou ainda que começou a realizar filmes sobre o clima em 2005.
“As alterações climáticas estão muito perto do meu coração. É uma forma diferente de mostrar o clima. E acho que vai além disso. Espero que atraia um público diferente. Espero que com este filme [as alterações climáticas] possam chegar à consciência das pessoas com rapidez”, sublinhou.
“Estas filmagens estão a ser feitas em Portugal porque Portugal está muito avançado nas alterações climáticas e os bombeiros portugueses são bastantes experientes e têm muito para ensinar aos outros”, acrescentou.
De acordo a base dados ‘online’ sobre cinema IMDB, John Webster já recebeu dois prémios Jussi, da indústria cinematográfica da Finlândia, e um prémio Docpoint pelo conjunto da sua obra.
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