Denominado Centro Nacional de TeleSaúde (CNTS), este centro de telemedicina está formalmente criado, mas só agora poderá arrancar no terreno, uma vez que foi assinado na semana passada o Acordo Quadro de Telemedicina, entre os Serviços Partilhados do Ministério da Saúde (SPMS) e empresas fornecedoras de serviços de telemedicina.
Segundo Artur Mimoso, da SPMS, este acordo, que foi iniciado em 2014, pretendeu qualificar pequenas empresas já no terreno, através de consórcios com empresas grandes para fazerem trabalho de telemedicina.
Essas empresas no terreno desenvolveram projetos piloto de medicina à distância, tendo apresentado bons resultados, mas sem capacidade técnica e financeira para se estender.
No fundo, trata-se de aliar pequenas empresas que prestam os serviços a outras grandes empresas que vendem os equipamentos tecnológicos.
“Não fizemos nenhuma compra, mas a seleção de um grupo de serviços já existentes mas sem capacidade técnico-financeira para chegar a sítios mais distantes. O objetivo era precisamente dotar o SNS de capacidades de prestar serviços de telemedicina”, explicou.
Na senda deste acordo, será desenvolvido o CNTS, um projeto pioneiro a nível europeu, que “depois de equipado com pessoal e as tecnologias que o acordo vai permitir” vai fazer teleconsultas, acompanhamento de doentes em casa à distância.
“De futuro, o acompanhamento feito hoje nos hospitais pode chegar a casa das pessoas através da rede. Estamos a maximizar o que já existe. Tínhamos os projetos sustentados em pequenos mercados. Estamos a preparar o mercado para avançar com os projetos piloto que tão bons resultados deram, mas que foram com empresas sem capacidade de expansão”, afirmou Artur Trindade.
Os cinco projetos piloto, que decorreram em Viana do Castelo, Évora e Beja, foram na área da principal doença respiratória, a DPOC, ao longo de 7 meses de acompanhamento de centenas de doentes.
O resultado foi uma “significativa redução” nas idas às urgências, nas hospitalizações (menos 60%), no número de dias de internamento (que passou de uma média de 276 dias para 105 dias). Foi possível ainda atrasar o começo das complicações das doenças.
A forma de o doente passar a aceder às consultas a partir de casa vai depender da doença e dos equipamentos que de que possa dispor.
“O aparelho mais acessível é a televisão, mas o que pretendemos é poder usar as boxes de televisão para conseguir passar alguma informação e literacia em saúde”.
Segundo Artur Mimoso, o acordo previu usar esses aparelhos em casa de pessoas com menos meios e menos literacia e, numa segunda fase, a possibilidade de colocar as operadoras a funcionar não só com a box de televisão, mas incorporar componentes de medicina através da box e não introduzir mais aparelhos: maximizar aparelhos que já existem em casa mas dar-lhes novas funcionalidades.
Com esta tecnologia será possível tornar o SNS acessível a todos, mesmo quem vive em zonas rurais ou do interior, cabendo ao doente, por exemplo, inserir os seus dados para fazer a medição diária da tensão arterial, da oximetria (quantidade de oxigénio no sangue), da temperatura e do número de passos dados (pedómetro).
Os dados inseridos pelo doente seguem para o call center clínico, composto por uma equipa de técnicos de cardiopneumologia, enfermeiros e farmacêuticos, que fazem a gestão dos dados em tempo real e, em função do estado de saúde do doente, é emitido um alerta no sistema de monitorização e analisado o encaminhamento necessário.
O médico especialista faz a avaliação dos dados e, em casos graves, pode marcar consulta ou direcionar para as urgências.
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