Sob forte proteção policial, a caravana de oito viaturas transportando Trump e os seus assessores chegou ao tribunal pelas 13:20 (hora local, 18:20 em Lisboa), onde era esperado por milhares de pessoas, entre apoiantes, opositores e jornalistas.

Antes de entrar no edifício, o ex-Presidente não prestou declarações e limitou-se a acenar à multidão. Minutos antes, ao sair da sua residência na Trump Tower, o ex-Presidente ergueu o punho na direção das câmaras de televisão.

No tribunal, onde tecnicamente Trump está sob detenção judicial, serão recolhidas as suas impressões digitais e a sua fotografia poderá ser tirada - algo que os seus advogados pretendiam evitar.

A autuação e o comparecimento perante o juiz Juan Merchán devem ser relativamente breves e servirão para Trump ouvir presencialmente as acusações de que é alvo. Este é o mesmo magistrado que presidiu um julgamento criminal no ano passado no qual a empresa imobiliária do magnata foi condenada por fraude fiscal, mas no qual Trump não foi acusado.

Merchan vai ler as acusações que visam o ex-presidente, sendo que a imprensa norte-americana especula que serão cerca de trinta, relacionadas com falsificação de registos comerciais.

Trump irá declarar-se inocente, de acordo com os seus advogados, no caso de um alegado pagamento de suborno a uma ex-atriz pornográfica, Stormy Daniels, que terá servido para comprar o seu silêncio sobre um caso extraconjugal, antes da campanha eleitoral das presidenciais de 2016.

No final da sessão, Trump deverá regressar a Mar-a-Lago, a sua mansão na Florida, onde fará declarações sobre todo o processo, informou o gabinete do ex-chefe de Estado norte-americano.

O ex-Presidente, que passou a tarde a publicar mensagens através das redes sociais, publicou uma mensagem já depois de entrar no tribunal, com as características letras maiúsculas.

"A caminho da baixa de Manhattan, do Tribunal. Parece tão SURREAL — UAU, vão PRENDER-ME. Não posso acreditar que isto está a acontecer na América", disse Trump, rematando a mensagem com a sigla "MAGA" (de "Make America Great Again", "Engrandecer de Novo a América"), que usou nas suas campanhas eleitorais.

Trump, que também é candidato à Casa Branca em 2024, chegou na segunda-feira a Nova Iorque, tendo passado a noite na Trump Tower, rodeado por um forte dispositivo de segurança.

Trump é acusado de subornar a atriz pornográfica Stormy Daniels com 130 mil dólares 130 mil dólares (120 mil euros) na reta final da campanha eleitoral de 2016 para manter o silêncio sobre um suposto caso extraconjugal ocorrido dez anos antes e que ele sempre negou.

O seu então advogado Michael Cohen foi o encarregado de fazer o pagamento e o magnata reembolsou-o pela quantia de forma parcelada, supostamente fazendo-a passar por honorários profissionais.

Tanto o magnata republicano quanto os seus advogados insistem no absurdo do caso. Em plena campanha eleitoral para obter a nomeação do Partido Republicano para as eleições de 2024, o magnata de 76 anos alega ser vítima de uma "caça às bruxas".

Após duas tentativas de impeachment no Congresso dos Estados Unidos quando era presidente (2017-2021), Trump agora terá de passar pelo procedimento usual para um réu.

Dezenas de jornalistas de todo o mundo passaram a noite fria acordados para garantir um lugar na sala onde pudessem saber, ao mesmo tempo que Trump, as acusações feitas contra ele pela procuradoria de Manhattan.

Ao contrário de outros estados, onde as câmeras de televisão são permitidas nos tribunais, o juiz Merchán não abriu uma exceção nesta ocasião, permitindo apenas que os fotógrafos capturem este momento histórico por alguns minutos antes do início da audiência.

À medida que se aproximava a hora da chegada de Trump, a polícia de Nova Iorque, em alerta máximo, reforçou a segurança em torno do tribunal localizado no centro-sul de Manhattan, para onde os seus apoiantes e críticos se deslocaram.

Numa tentativa de politizar a justiça e motivar os seus apoiantes, que até agora têm respondido enviando-lhe mais de 7 milhões de dólares para a sua campanha desde que a acusação foi anunciada na última quinta-feira, o magnata relembrou na rede Truth Social o que já usa como um lema : "Eles não estão a ir atrás de mim, estão a ir atrás de vocês. Estou apenas no caminho deles."

É "IMPOSSÍVEL que eu tenha um julgamento justo" em Nova Iorque, acrescentou Trump sobre a sua cidade natal, governada por democratas, após a decisão do procurador Alvin Bragg de indiciá-lo na última quinta-feira, mantendo a decisão do grande júri. Bragg deverá realizar uma conferência de imprensa após a audiência de Trump no tribunal.

O caso Stormy Daniels é apenas um dos casos que ameaçam o ex-presidente, que também é investigado por pressionar funcionários públicos para anular a vitória de Joe Biden em 2020, com uma ligação telefónica gravada na qual pediu ao secretário de Estado da Geórgia que "encontrasse" votos suficientes para reverter o resultado.

Trump também é investigado pelo seu possível papel na insurreição de 6 de janeiro de 2021 no Capitólio, assim como pela custódia de documentos confidenciais depois de deixar a Casa Branca.