O Plano de Ação Intermunicipal para as Alterações Climáticas no Douro (PAIAC Douro) apresentado hoje em Tabuaço, distrito de Viseu, quer contribuir para o aumento da resiliência e a mitigação dos riscos neste território da Comunidade Intermunicipal do Douro (CIM Douro), que junta 19 municípios.

Na região já se notam alterações a nível do clima. No ano passado foi a seca extrema e, este ano, as chuvas fora de tempo em junho e julho estão a criar condições para a propagação de doenças que afetam a vinha.

As projeções climáticas apontam para uma diminuição da precipitação média anual no final do século XXI nos países do Sul da Europa, para secas mais frequentes e intensas, para ondas de calor e o aumento de fenómenos extremos, em particular de precipitação muito intensa e, logo, mais episódios de cheias e inundações.

Os impactos futuros das alterações climáticas tenderão a afetar de forma transversal todo o Douro, realçando-se os prejuízos para as atividades económicas, como a agricultura, o aumento dos custos de produção de bens e de serviços e o aumento dos custos com seguros.

Por isso, a agricultura, nomeadamente a viticultura, que é a principal atividade económica da região, é destacada neste plano de ação, que aborda ainda outros setores importantes como o turismo, a segurança e a saúde das populações.

Na área da viticultura prevê-se que as alterações climáticas, por causa do aumento da temperatura e as secas mais intensas e frequentes, provoquem quebras na produção, o aparecimento de novas doenças e pragas e o aumento dos riscos com acidentes climáticos associados à frequência e intensidade das vagas de calor, como é o caso do escaldão das uvas.

Uma das medidas previstas no PAIAC é a elaboração de um plano de ação para as alterações climáticas do Alto Douro Vinhateiro.

De acordo com o já estipulado no plano de ação, as principais medidas de adaptação passam pela deslocalização das vinhas para latitudes mais elevadas, ou seja, para zonas mais altas e frescas, o que poderá transformar parte da atual paisagem classificada pela UNESCO.

O Douro terá ainda que apostar na seleção de materiais vegetais mais adaptados ao ‘stress’ térmico e hídrico, e na alteração de práticas culturais e de sistemas de condução, de forma a otimizar e reduzir o consumo de água pela cultura e, assim, aumentar a eficiência do uso da água.

O plano aponta ainda a diversificação da produção para tirar proveito da antecipação da fenologia (uva de mesa ou uva para passa), a instalação de porta enxertos mais resistentes à carência hídrica, pela adequação das estratégias de rega deficitária em vinha, e por um maior controlo das pragas e doenças.

Relativamente à olivicultura, uma produção também importante para o Douro, prevê-se uma antecipação do início do ciclo vegetativo e também perdas de produção, pelo que a alteração das práticas culturais como a rega, fertilização, controlo fitossanitário, pode ajudar a mitigar os efeitos das alterações climáticas.

Os impactos poderão também sentir-se a nível do turismo na região, na medida em que previsivelmente desencadearão algumas modificações, como a perda de biodiversidade ou a degradação da paisagem.

Apesar dos impactos negativos, o plano identifica também oportunidades que se traduzem no desenvolvimento de novas, ou complementares, ações que reduzam a sensibilidade e a exposição da região ao clima, que permitam tirar proveito de alterações nas condições climáticas, ou que possam passar por mudar de atividade ou alterar práticas.

Com o PAIAC pretende-se que a região seja “conhecedora dos potenciais impactos das alterações climáticas e “capaz de transformar os seus desafios em oportunidades para o desenvolvimento social, económico e ambiental do Douro”.

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