O líder do PSD, Pedro Passos Coelho, disse hoje que o crescimento económico do país “continua a ser medíocre” quando comparado com o passado e com países como Espanha e Irlanda, atribuindo à diferença de políticas públicas esta situação. “O que vemos quando comparamos não deixa margem para dúvidas, esses países crescem a um ritmo muito superior àquele que nós observamos em Portugal, mesmo sabendo que em 2016 o desempenho económico será um pouco melhor do que aquele que o Governo tinha projetado”, disse Passos Coelho, no discurso que encerrou o XXII congresso do PSD/Açores, em Rabo de Peixe, no concelho da Ribeira Grande.

Segundo o social-democrata, “na verdade continua a ser medíocre quando comparado com o passado, com aquele” que o Governo de coligação PSD/CDS-PP deixou, e “particularmente medíocre quando comparado com aquele que se vê em Espanha ou com o que se vê na Irlanda”.

“Porque é que a Espanha cresce mais do dobro do que cresce Portugal, apesar de ter estado quase um ano sem governo? Porque é que a Irlanda cresce significativamente mais do que Portugal e mais até do que a Espanha?”, questionou, considerando que é na diferença das políticas públicas que tem de ser encontrada a justificação para o resultado "muito diferente" daqueles países.

Para Passos Coelho, esses países “ultrapassaram a suas crises, fizeram as suas reformas e caminharam em frente, reforçaram a confiança dos investidores” e “pagam pelo financiamento do Estado muito menos do que Portugal”, sendo que “Espanha paga metade” e a Irlanda “a quarta parte” do que paga o país.

“O que está errado não é nem a Comissão Europeia, nem a Europa, nem o contexto ou conjuntura externa, o que está errado são as políticas que temos seguido”, argumentou. Para Passos Coelho, Portugal podia estar a crescer “muito mais, a criar um emprego sustentável”, mas tal não sucede.

“Aquilo que acontece é que os objetivos que têm vindo a ser atingidos – e ainda bem que eles têm vindo a ser atingidos - em matéria de défice público são o resultado de um conjunto de políticas que não são sustentáveis”, declarou o social-democrata, advertindo que “não é possível viver todos os anos de medidas extraordinárias, de receitas extraordinárias”, porque “o que é extraordinário não se repete todos os anos”.

O presidente do PSD apontou ainda que há outras medidas que, não sendo extraordinárias “não são sustentáveis, como os cortes que têm vindo a ser feitos na despesa pública e que estão a pôr em causa a qualidade dos serviços” na Educação, Saúde e noutras áreas.

“Em bom rigor, nem o engenheiro Sócrates [ex-primeiro-ministro do PS] e o professor Teixeira dos Santos [ministro das Finanças do Governo de José Sócrates] teriam precisado de recorrer à ajuda externa se fosse fácil, em permanência, fazer esse tipo de cortes sem reformar o Estado e as políticas públicas, isso já tinha sido feito há muito tempo”, afirmou Passos Coelho, para quem o que se está a fazer “é empurrar com a barriga, é a fazer de conta”.

“É a dívida que está a crescer, não é o nosso espaço de manobra, não é a nossa confiança para futuro”, acrescentou.

PS reage: Passos Coelho está “divorciado da realidade e do país”

O porta-voz do Partido Socialista, João Galamba, acusou hoje o líder do PSD de estar “divorciado da realidade e do país” e considerou que Passos Coelho é que demonstra uma “atitude revanchista” ao não admitir a melhoria da economia. Galamba reagia assim às declarações de Passos Coelho no sábado, no Funchal, em que disse que nunca viu um "governo tão revanchista" na história económica do país quando o do PS, acusando-o de "reverter" todas as reformas do passado.

“Por muito que Passos Coelho acuse o Governo de ser revanchista, toda a gente já percebeu que o único revanchista é Pedro Passos Coelho que não se conforma com a realidade que existe e a que se perspetiva para 2017”, disse João Galamba à Lusa, considerando que o aumento do emprego e a aceleração do crescimento económico deixou o líder do maior partido da oposição sem saber o que fazer.

“Como não tem discurso e nada a apontar, entretém-se irresponsavelmente no tema da concertação social e da TSU [Taxa Social Única]. E aí, não a ser revanchista contra a realidade e o Governo, mas [a ser revanchista] contra consigo próprio e o património do seu partido”, acrescentou.

Para o deputado do PS, é por a realidade esvaziar o seu discurso que Passos Coelho tem tido atitudes recentes que o mostram “divorciado da realidade e também do país”.

O também deputado socialista considerou que o recente acordo conseguido na concertação social vem ao encontro do projeto que o PSD tinha aprovado e recomendado ao Governo em dezembro, afirmando que a posição social-democrata contra a redução da Taxa Social Única (TSU) paga pelos empregadores como contrapartida para as empresas do aumento do Salário Mínimo Nacional, de 530 para 557 euros, apenas demonstra “um líder do PSD zangado com a realidade”, que “não se importa de renegar compromissos que o seu partido fez há pouco tempo”, nem de “atacar a concertação social”.

“Temos um partido sem rumo, um ex-primeiro-ministro e líder da oposição desorientado. O país precisa sempre de um bom Governo, que já tem, mas também precisa de uma oposição responsável, que infelizmente não tem”, frisou.

Sobre as declarações de hoje de Passos Coelho, no encerramento do XXII congresso do PSD/Açores, no concelho da Ribeira Grande, João Galamba limitou-se a dizer que, se hoje Espanha cresce mais do que Portugal é porque tal já acontecia no passado, nomeadamente durante o Governo PSD/CDS-PP, liderado por Passos Coelho, e que agora se está até a assistir a um “estreitamento da diferença”.

“Estamos a caminhar para uma situação em que essas diferenças serão diminuídas ou ate eliminadas, coisa que não existia no passado”, disse o porta-voz socialista.

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