Os edifícios do início do século XX são salpicados com sal pelo mar e golpeados por grandes ondas por ocasião dos furacões, que se estão a tornar mais húmidos e intensos.
Cerca de 70% dos edifícios ao longo do percurso mais velho e fantasiado do Malecon estão tão deteriorados que requerem uma demolição total ou, pelo menos, parcial, segundo um estudo recentemente divulgado.
E pelo menos quatro edifícios estão em vias de demolição, depois das inundações na ilha em setembro, realçando os muitos sinais de problemas enfrentados por Cuba, e as Caraíbas em geral, num tempo de temperaturas crescentes.
Cientistas cubanos consideram que a Malecon pode não ser capaz de se manter no estado atual para além de 2100, quando as águas subirem ainda mais, o que significa ondas maiores e inundações catastróficas.
“É difícil pensar que a Malecon sobreviva como está”, afirmou o arquiteto Rolando Lloga, que escreveu um relatório sobre a marginal e sugeriu a eliminação de vários edifícios. “A natureza está a a mover-se mais depressa do que as ações que estão em curso”, justificou.
Depois de o furacão Irma ter fustigado a costa norte de Cuba, entre 08 e 10 de setembro, provocando 10 mortos, a Malecom esteve encerrada durante três semanas, pelos estragos na estrada com seis vias, no passeio e no paredão fronteiro ao mar, locais onde dezenas de milhares de cubanos se passeiam, sentam, comem, bebem e gozam a brisa dos Estreitos da Florida.
A Malecon foi construída em cima de recifes de coral e florestas que antes serviam de separador entre o mar e as áreas terrestres. Devido à sua posição exposta, muitos dos edifícios têm entradas elevadas e outras formas de defesa de inundações.
Mas estas medidas iniciais estão a ser atualizadas. Cuba está em plena fase de análise generalizada das políticas de planeamento urbano e uso da terra, que incluem a limitação do tamanho dos edifícios na Malecon, a reconstrução do seu paredão, para escoar água, a construção de estruturas quebra-ondas ao longo da costa e mudanças no sistema de escoamento e saneamento para que a água do mar não entre e corroa a Malecon.
Mas isto pode ser insuficiente. Com centenas de marcos históricos e culturais, na América Latina, ameaçados pelas alterações climáticas, a negligência deixou a Malecon em pior estado do que a maioria daqueles.
Um relatório de janeiro da Agência de História de Havana concluiu que 52 dos 72 edifícios ao longo da parte mais velha, conhecida como a Malecon tradicional, estão em mau estado e deveriam ser demolidos.
Dos 726 apartamentos nos edifícios na tradicional Malecon, onde habitam 2.555 pessoas, apenas 46 estão em boa condição, segundo o documento. Daqueles, 98 estão em situação considerada “normal”, 162 em “má” e 420 em “terrível”.
Entre 1994 e 2013 já foram demolidos 30 edifícios, segundo o documento.
Por enquanto, a área dos edifícios demolidos fica vazia, até que o governo cubano encontre dinheiro para construir estruturas novas e adaptadas a um clima em mudança.
“O mar procura recuperar sempre o que lhe pertenceu. Temos de encontrar um equilíbrio, de forma a vivermos juntos, a podermos gozar este espaço público”, afirmou Patricia Rodriguez, diretora do serviço que gere o plano diretor do centro histórico da cidade.
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