"O mundo acabou de conhecer um dos três meses de julho mais quentes de que há registo. E, claro, como todos sabemos, uma onda de calor muito prolongada e intensa afetou algumas partes da Europa", disse Clare Nullis, porta-voz da Organização Meteorológica Mundial (OMM), uma agência especializada da Organização das Nações Unidas (ONU) com sede em Genebra.

A situação não espanta. Em Portugal, o calor tem-se feito sentir: o mês de julho foi o mais quente dos últimos 92 anos, com temperaturas quase sempre acima do normal e com um registo de 47ºC em Pinhão, um novo extremo para julho no continente.

Além do calor, partes do mundo estão a sofrer uma seca severa. De acordo com a OMM, julho foi mais seco do que a média em grande parte da Europa, a maior parte da América do Norte, grandes partes da América do Sul, Ásia Central e Austrália.

Por cá, não há dúvidas quanto ao tema da seca. Feitas as contas, desde outubro do ano passado até hoje choveu praticamente metade do que seria normal, segundo o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA).

Com todo o país continental em seca, 55% em classe de seca severa e 45% em seca extrema, o IPMA considera que a seca “teria um desagravamento significativo” se nos próximos dois meses chovesse acima da média. Mas adianta que tal só acontece em 20% dos anos.

Segundo o IPMA a atual previsão sazonal, “com todas as condicionantes conhecidas”, não indica “um sinal consistente de défice de precipitação”, ou seja, “poderemos prever que a precipitação ocorrerá com valores normais para esses períodos”.

Mas fica o alerta: apesar do “sinal positivo em termos da precipitação”, e tendo em conta o que choveu até agora e o que se prevê, o défice de água nas barragens e albufeiras dificilmente será colmatado. Assim, resta-nos fazer os possíveis para poupar a água que ainda temos.