O mundo está de olhos postos numa corrida a dois pela presidência da Casa Branca. Hillary Clinton, do Partido Democrata, e Donald Trump, do Partido Republicano, são as figuras chave para a sucessão de Barack Obama. Num país com um sistema eleitoral baseado na alternância sucessiva de dois partidos de grande dimensão, os “major party”, há quem veja as Eleições de 2016 como uma oportunidade para ganhar relevância e espaço político.

Os candidatos dos dois principais partidos nunca tiveram níveis de popularidade tão baixos. Hillary é vista como uma pessoa não confiável por uma grande parte do eleitorado americano. Já Donald Trump é conhecido pelas suas posições extremadas em relação à imigração, política externa e questões de direitos humanos, o que também não agrada a todo o eleitorado.

Praticamente irrelevantes na história eleitoral americana, o Partido Libertário e o Partido Verde já nomearam, como é habitual, os seus candidatos à Casa Branca. Estes partidos contam com orçamentos mais reduzidos e os media acabam por limitar a sua presença nos alinhamentos dos programas de informação.

As alternativas

Gary Jonhson foi o senador, eleito pelo Partido Republicano, do Novo México. Em 2011 decidiu ingressar no Partido Libertário,  é o homem que pode incomodar Trump e Hillary. Em 2012, quando concorreu contra Obama e Mitt Romney, não chegou a ter 1% dos votos, qualquer coisa como pouco mais de um milhão de votantes. Hoje, as sondagens atribuem-lhe entre 7% a 12% das intenções de voto.

A ideologia do Partido Libertário baseia-se no princípio da defesa das liberdades individuais. A liberdade de escolha, de associação, a defesa da propriedade individual e o princípio de não-agressão, definem os princípios deste partido. Para um libertário, a tua liberdade individual só acaba quando começa a do outro.

Há um facto relevante: se as principais sondagens lhe derem uma intenção de voto na ordem dos 15%, a porta dos debates televisivos fica aberta. O primeiro debate está marcado para 26 de setembro, e tem uma audiência espectável comparada com grandes eventos desportivos, como o Super Bowl. A presença nestes debates é para Jonhson uma oportunidade única para se afirmar como uma alternativa a Trump e Hillary.

Do ‘lado verde’ da história apresenta-se na corrida uma médica: Jill Stein foi nomeada como candidata do Partido Verde (Green Party). Stein repete a nomeação depois de ter concorrido em 2012. Há quatros anos, não passou do meio milhão de votos, hoje tem sondagens que rondam os 2% a 5%.

Depois da nomeação de Hillary, Stein virou-se para os eleitores de Bernie Sanders como um ‘plano B’. Defensora do ambiente e dos direitos humanos, do combate às alterações climáticas e contra a guerra, é assim que se afirma a candidata do Partido Verde.

Como funciona o sistema eleitoral americano?

O sistema eleitoral americano é complexo. Cada partido tem de cumprir certos requisitos para poder aparecer nos boletins de voto de determinado estado. Requisitos que podem passar por valores monetários, número de assinaturas ou até no número de votos em outros atos eleitorais. Se um determinado candidato não estiver nos boletins dos Estados com mais eleitores não tem qualquer hipótese de ser eleito. Esta é uma das críticas ao sistema norte-americano, uma vez que um candidato pode perder em 39 estados, mas se ganhar nos 12 mais populosos chega a presidente dos Estados Unidos.

Os partidos Democrata e Republicano têm presença nos boletins de todos os 538 colégios eleitorais americanos. Neste momento, o Partido Libertário já confirmou a presença em 534, estando a tentar cumprir os requisitos do estado de Rhode Island. O Partido Verde está já inscrito em 473 colégios eleitorais, número que aumenta para os 507 se contarmos com o modelo “Write-in”, em que o eleitor pode escrever o nome do candidato no boletim e a opção é considerada como válida.

O Partido da Constituição também marca presença em 304 colégios, se contarmos com o modelo “Write-in”. Existem ainda outros 19 candidatos de pequenos partidos que não estão presentes num número de colégios eleitorais suficiente para poderem ser eleitos. Para conseguirem chegar à Casa Branca têm de vencer em, pelo menos, 270 colégios eleitorais.

Quando os eleitores dos Estados Unidos votarem, a 8 de novembro de 2016, estão a eleger delegados que depois vão votar pelo candidato na reunião do Colégio Eleitoral americano. Cada estado tem um número diferente de delegados no colégio eleitoral, o que faz com que os estados mais populosos tenham mais peso político na eleição do Presidente dos Estados Unidos.

Podem estes candidatos vencer?

Vamos ser sinceros, a chance de isso acontecer é, neste momento, muito próxima de zero. A máquina dos grandes partidos é praticamente impossível de bater. Mas uma coisa é certa, Hillary e Trump são os dois candidatos menos atrativos ao eleitorado americano na era política moderna. Quatro em cada dez americanos pensam que nenhum dos dois vai dar um bom presidente.

Faltam 60 dias para as Eleições Presidenciais norte-americanas.