“O passageiro chega ao aeroporto, dirige-se ao quiosque na zona das partidas, que lê o passaporte, os dados são recolhidos temporariamente [e guardados numa base de dados durante 12 horas, nesta fase-piloto], é feita a validação em relação à nacionalidade do passageiro, que tem que ser europeu, ter mais de 18 anos e viajar para um destino fora da Europa”, disse à agência Lusa a inspetora Erica Santos, do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF).

Através de um ecrã de toque, a máquina do sistema “Biometrics On the Move” (BOM), uma parceria da agência europeia de fronteiras Frontex, a Aeroportos de Portugal (ANA) e o SEF guia o passageiro pela leitura do passaporte, recolha de impressões digitais e fotografia.

Os dados são depois confrontados com a lista internacional em que estão sinalizados passageiros com algum impedimento, como sempre, e “são feitas as validações de segurança”.

Se tudo for aceite, quando chega ao posto de fronteira através do corredor BOM, a impressão digital é lida por uma máquina por onde o passageiro passa sem ter que parar, bastando passar a mão, e duas câmaras fazem a leitura facial para confirmar.

Tudo se passa “enquanto a pessoa está em movimento, a ideia é não ter que parar, não ter que voltar a apresentar documentos, é só andar”, indicou.

Erica Santos considerou que para um aeroporto como o Humberto Delgado, “é urgente” criar “formas mais ágeis para os passageiros circularem de forma muito segura mais muito dinâmica”.

“Senão, é incomportável”, admitiu, referindo que “de dia para dia e de ano para ano, o incremento de passageiros é exponencial”.

Além disso, dentro de três anos, todas as fronteiras da Europa terão que funcionar de uma maneira uniforme, com necessidade de “nova tecnologia” como a que está a ser testada com o BOM.

O casal Vanda Souto e Carlos Botão, de partida para Doha (Qatar) com Banguecoque (Tailândia) como destino final, disse à agência Lusa que a passagem pelo BOM lhes deixou uma boa impressão.

“Foi super rápido e ágil, foram 30 segundos”, afirmou Vanda Souto, enquanto Carlos Botão considerou que “vai facilitar muito a vida de quem viaja muito e talvez melhorar a segurança”.

“Apesar de não ser um viajante muito frequente, já viajei para alguns destinos internacionais e o processo é bastante mais complicado. É tipicamente aborrecido, não só o tempo que se perde nas filas como o facto de não sabermos a quantidade de pessoas que estão à espera para fazer a passagem”, declarou Carlos Botão.

Erica Santos disse à Lusa que as vantagens principais são a diminuição do tempo de passagem dos passageiros pelo controlo fronteiriço, sem comprometer a segurança, e a libertação dos agentes para outras tarefas de combate à criminalidade.

“Sabemos que a vida de um passageiro num aeroporto é sempre complicada, perde-se tempo em vários sítios e estamos a tentar diminuir esse tempo, facilitando a vida para o passageiro e nunca diminuindo ou comprometendo a segurança da fronteira”, afirmou.

Para os inspetores do SEF, o sistema é “bastante útil”, garantiu, porque “há uma parte do controlo de fronteira que é feito por computador, e se este controlo puder ser for feito antes de o passageiro chegar sequer à fronteira”, sabe-se à partida quem vai chegar e é possível “um controlo maior e mais eficaz”.

“Deixa-nos também mais libertos para outro tipo de tarefas muito importantes”, salientou, como o combate ao “tráfico de seres humanos e todo o tipo de criminalidade ligada à passagem de fronteiras”.

O sistema piloto está a ser aplicado há três semanas e os passageiros em condições de o usar são abordados por agentes do SEF que lhes pedem se estão dispostos a usá-lo, voluntariamente, recebendo em troca um vale para a via “Fast Track” de acesso rápido ao embarque.

Até agora, cerca de 1100 passageiros já aceitaram a experiência e a aceitação tem sido boa, com alguns passageiros frequentes a insistirem em repetir a experiência, relatou.

Numa declaração enviada à Lusa, a responsável da ANA Chloe Lapeyre afirmou que “é objetivo da ANA, estando a ser desenvolvidos outros projetos paralelos, poder oferecer aos passageiros a mesma experiência noutros sistemas dentro das infraestruturas aeroportuárias”.

“Sabemos também que este projeto em Lisboa serve de ‘benchmark’ a outros aeroportos da rede nacional, bem como a nível internacional”, indicou, prevendo-se que em breve seja aplicado também de forma experimental no aeroporto de Sofia (Bulgária) com os passageiros que tenham Portugal como destino.

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