A posição consta numa declaração subscrita por 11 organizações da América do Norte (Estados Unidos e Canadá), da Ásia, de África e da Europa (em particular do Reino Unido).

A declaração é divulgada na revista especializada The American Journal of Human Genetics, um dia depois de uma outra publicação científica, a Nature, ter revelado os resultados de uma experiência com embriões humanos realizada por uma equipa internacional de investigadores, que corrigiu, pela primeira vez, uma mutação do gene responsável por uma doença cardíaca hereditária, a miocardiopatia hipertrófica, recorrendo ao sistema de edição genética CRISPR-Cas9.

"Embora a edição do genoma [informação genética] da linha germinal [células que dão origem a células reprodutoras ou as próprias células reprodutoras] possa, teoricamente, ser usada para evitar que uma criança nasça com uma doença genética, o seu potencial uso levanta uma infinidade de questões científicas, éticas e políticas. Estas questões não podem ser respondidas só por cientistas, necessitam de ser debatidas pela sociedade", defende Derek Scholes, diretor para a Política Científica da Sociedade Americana de Genética Humana, uma das organizações que assinam a declaração.

As associações subscritoras consideram inapropriada a edição de genes da linha germinal que "culmine na gravidez humana", mas entendem que "não há motivos para proibir" a investigação clínica, e o financiamento público, da edição genética de embriões e células reprodutoras (óvulos e espermatozoides) 'in vitro' (fora do organismo), desde que feita com "supervisão e consentimento apropriados".

As organizações concordam que, antes de qualquer aplicação clínica futura da edição do genoma da linha germinal, deve haver "uma base de evidências que apoie o uso clínico" e uma "justificação ética".