“Continuaremos a envidar todos os esforços com os nossos parceiros da comunidade internacional, com o Governo israelita e com a Autoridade Palestiniana. A nossa missão é chegar a um ponto de cessação das hostilidades que permita um maior acesso da assistência humanitária” à Faixa de Gaza, disse hoje o chefe da diplomacia egípcia, Sameh Shoukry, no final de um encontro com os homólogos português, João Gomes Cravinho, e eslovena, Tanja Fajon, no Cairo.
Um cessar-fogo, acrescentou, que permita responder à “situação muito trágica que existe em Gaza”, mas também para “proporcionar segurança ao povo palestiniano” naquele território.
O governante egípcio sublinhou o “consenso da comunidade internacional” contra “qualquer forma de deslocação dos palestinianos para fora da sua própria terra”.
“Esses esforços, quer para livrar Gaza dos palestinianos, quer para liquidar a causa palestiniana em geral, são inaceitáveis e não podem continuar”, destacou Shoukry.
“Continuaremos a apoiar a criação de um Estado palestiniano independente, nas fronteiras de 1967, com Jerusalém Oriental como sua capital, uma questão que se está a tornar cada vez mais importante, para que possamos livrar a região deste ciclo de violência, para que possamos ter relações normais e para que possamos responder às legítimas aspirações do povo palestiniano”, destacou.
O Egito tem assumido um papel de liderança desde o início do conflito entre Israel e o grupo islamita Hamas, quer na prestação de apoio humanitário e de articular a passagem de cidadãos retidos em Gaza através da passagem de Rafah, quer na mediação internacional.
Israel e o Hamas cumprem hoje o segundo dia de tréguas nos combates, após um acordo que prevê a libertação de reféns pelo grupo islamita e de prisioneiros palestinianos por Telavive.
A 07 de outubro, combatentes do Movimento de Resistência Islâmica (Hamas) — desde 2007 no poder na Faixa de Gaza e classificado como organização terrorista pelos Estados Unidos, a União Europeia e Israel — realizaram em território israelita um ataque de proporções sem precedentes desde a criação do Estado de Israel, em 1948, fazendo 1.200 mortos, na maioria civis, 5.000 feridos e cerca de 240 reféns.
Em retaliação, Israel declarou uma guerra para erradicar o Hamas, que começou por cortes ao abastecimento de comida, água, eletricidade e combustível na Faixa de Gaza e bombardeamentos diários, seguidos de uma ofensiva terrestre que cercou a cidade de Gaza.
A guerra entre Israel e o Hamas, que hoje entrou no 50.º dia e ameaça alastrar a toda a região do Médio Oriente, fez até agora na Faixa de Gaza cerca de 15.000 mortos, na maioria civis, e mais de 33.000 feridos, de acordo com o mais recente balanço das autoridades locais, e 1,7 milhões de deslocados, segundo a ONU.
Na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental, 200 palestinianos foram mortos pelas forças israelitas ou em ataques perpetrados por colonos.
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