“Nesta campanha, não podíamos homenagear melhor o nosso fundador do que recordar essa nossa marca: só nós mesmos, no campo da direita e centro direita, dizemos que não queremos o socialismo”, afirmou Lobo Xavier, numa crítica implícita ao PSD, num comício de campanha do CDS às legislativas de domingo transformado em jantar para homenagear o fundador Freitas do Amaral, em Gondomar, Porto.

“Ainda vamos a tempo, ainda vamos ter surpresas”, desejou o ex-líder parlamentar centrista, numa referência aos resultados das eleições de domingo.

Lobo Xavier fez um forte ataque, direta e indiretamente ao PS e às esquerdas, afirmando que hoje, como há 45 anos, os militantes não querem o socialismo.

E não querem o socialismo, enumerou, porque “põe o Estado e a ideologia à frente das pessoas”, porque “prefere cuidar do aparelho do Estado em lugar de cuidar de todos”, “mete as famílias no Governo” e “cobra impostos altos em troca de maus serviços”.

Olhando para trás, para julho de 1974, confessou que foi depois de ter ouvido pela rádio a apresentação do partido, pela voz de Diogo Freitas do Amaral, que decidiu filiar-se no CDS, que se apresentou como um “partido democrata-cristão, semelhante aos do cento e norte da Europa, fiel à democracia liberal, europeísta, com aspirações de progresso e justiça”.

“Esse era o discurso que também faríamos se fundássemos o CDS hoje”, conclui.

De resto, António Lobo Xavier elogiou a personalidade de Freitas, a sua coragem para fundar um partido de centro direita no Portugal de 1974, quando a “esquerda militar e comunistas”, disse, cercaram comícios e sedes do partido, “perseguiram militantes”.

E recordou “com saudade e respeito” o fundador do CDS e ex-vice-primeiro-ministro e concordou com a líder por não ter cancelado o jantar em Gondomar.

“Quem fundou o partido não pode estranhar que depois de tantas lutas baixássemos os braços para não concluirmos mais esta luta em que estamos empenhados”, disse, para acrescentar que aquele jantar “não é uma festa”, não tem músicas: “não desfraldamos bandeiras, nem sequer estamos alegres.”

A "algus militantes que conservam uma mágoa sentida pela opção que [Freitas] tomou de deixar o CDS", em 1992, afirmou que a "história não se reescreve" e concluiu: "Provavelmente, sem ele, não estaríamos hoje aqui."

Numa indireta ao presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, que, na quarta-feira, se recusou a estar ao lado de Assunção Cristas num espetáculo na Casa da Música, afirmou a Cristas: "Vi pelas notícias que ontem [quinta-feira] no Porto tinha acontecido de tudo: encontrões, pequenas facadas e até algumas pessoas importantes que não puderam recebê-la. Eu sou pouco importante, mas vim do Porto para a receber, para ver se a recompenso."