“Obviamente que nos preocupa que os atos eleitorais, momentos fundamentais na vida democrática de um país, sejam tidos em consideração quando se decide fazer uma contestação ou uma greve. Não deviam”, disse Pedro Nuno Santos, em declarações aos jornalistas, à margem de uma visita às oficinas da CP/EMEF em Guifões, em Matosinhos, distrito do Porto.
O governante comentava o vídeo, divulgado na terça-feira pela SIC, no qual o advogado do Sindicato dos Motoristas de Matérias Perigosas diz que é preciso aproveitar ser ano de eleições para dar força ao protesto.
De acordo com o ministro, “as eleições [as legislativas estão marcadas para outubro] são momentos altos da vida democrática” e “não deveriam ser estímulos para que se façam greves”.
“Estamos todos a trabalhar para nos preparar para qualquer eventualidade e, antes disso, para que não haja sequer greve”, frisou.
Pedro Nuno Santos observou ainda que “o Governo trabalha da melhor forma para que o impacto negativo [da eventual greve] na vida dos portugueses seja o mínimo”.
“Ao mesmo tempo, tem a preocupação de que um diferendo entre as duas partes se consiga resolver e toda abertura para que as partes se entendam e cheguem a um acordo”, descreveu.
O ministro lembrou que “os motoristas vão ter um aumento muito significativo, de cerca de 300 euros, já em janeiro 2020”, destacando que “era importante que não se perdesse o que já se alcançou”.
A SIC divulgou na terça-feira declarações de Pedro Pardal Henriques durante o congresso dos motoristas, no início do mês, onde foi anunciada uma nova greve a começar em 12 de agosto.
Àquela estação televisiva, o advogado justificou as declarações dizendo que é importante, a meses das eleições, que os portugueses saibam que o Governo não fez nada para ajudar os motoristas, mesmo depois das várias reuniões que tiveram com membros do executivo.
Os sindicatos dos motoristas que entregaram um pré-aviso de greve com início em 12 de agosto reúnem-se hoje na Direção-Geral do Emprego e das Relações de Trabalho (DGERT) para planificar os serviços mínimos.
Na greve iniciada em 15 de abril, o Governo estipulou a garantia dos serviços mínimos com 40% dos trabalhadores em funções, mas apenas para Lisboa e Porto.
Posteriormente, o Governo acabou por decretar uma requisição civil e, depois, a convidar as partes a sentarem-se à mesa de negociações.
A elevada adesão à greve de três dias surpreendeu todos, incluindo o próprio sindicato, e deixou sem combustível grande parte dos postos de abastecimento do país.
Na segunda-feira, o SIMM ameaçou consequências mais graves para a greve que começa em 12 de agosto do que as sentidas em abril, através de uma carta aberta enviada às redações.
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